Dermatofilose, também denominada estreptotricose cutânea,
“mela” ou “chorona”, é um é doença de caráter infecto-contagioso que
acomete a pele de bovinos, equídeos, ovinos, caprinos, suínos, cães,
gatos e até mesmo o homem, ou seja, é uma enfermidade infecto-contagiosa, de caráter zoonótico, aguda ou crônica, de distribuição mundial. Seu agente etiológico é a bactéria Dermatophilus congolensis, gram positiva, filamentosa, aeróbia facultativa, do grupo dos actinomicetos (Cunha et al, 2010), que gera uma dermatite exsudativa, com erupções crostosas e escamosas.
Os animais assintomáticos são os principais reservatórios dessa
bactéria, em consequência do agente ser oportunista e estar presente na
pele íntegra, penetrando e colonizando a epiderme em condições
favoráveis. A D. congolensis está presente nas crostas secas e
pode sobreviver durante muitos meses no ambiente. A transmissão se dá
por meio do contato direto entre animais, através de fômites
contaminados ou através de ectoparasitas
hematófagos que funcionam como vetores mecânicos. A doença manifesta-se
quando há uma redução ou alteração das barreiras naturais da pele, como
fatores ambientais (chuva, umidade e altas temperaturas).
Quando essa bactéria penetra na pele, resulta em um processo
inflamatório agudo,
dando origem às crostas secas associadas a tufos de pelos difundidos pela superfície corpórea, especialmente na região dorsolateral. Geralmente, essas lesões regridem
espontaneamente dentro de duas a três semanas. Nos casos de infecção
crônica, estas lesões podem durar meses.
As lesões podem surgir em diversas partes do corpo, especialmente na
cabeça, pescoço, dorso, laterais do animal e úbere. Nos bezerros, as
crostas normalmente surgem primeiramente no espelho nasal alcançando
cabeça e pescoço. As lesões caracterizam-se por diminutas crostas
formadas na base do pêlo envolvendo-o, com presença de tecido granuloso e
exsudato purulento. Sintomas sistêmicos quase não estão presentes,
exceto por um aparecimento febril discreto nos casos moderados. Nos
casos mais avançados, as lesões cicatrizam sendo facilmente destacadas
da pele. Nos estágios finais, há intensa perda de pêlo, com acentuada
formação de crostas semelhantes a barro seco e pregueamento.
O diagnóstico é feito através da observação das lesões
característica durante o exame clínico realizado pelo médico
veterinário, sendo a confirmação feita através de exames laboratoriais,
como raspados e biópsias da região abaixo da crosta da lesão. O
histórico da presença de dermatofilose também pode auxiliar no
diagnóstico.
O tratamento mais eficaz consiste na administração de antibióticos por via parenteral, sendo recomendadas a penicilina
e a estreptomicina em dois tratamentos distintos, ou uma aplicação
única em altas doses (70.000UI/kg de peso vivo de penicilina ou 70 mg/kg
de peso vivo de estreptomicina), ou doses diárias (5.000 UI/kg de peso
vivo ou 5 mg/kg de peso vivo, respectivamente) durante cinco dias. No
controle de surtos dessa doença, pode ser usada também a oxitetraciclina
na dose de 20 mg/kg de peso vivo. Aplicações tópicas quase não são
recomendadas, pois o medicamento não alcança as camadas mais profundas
da pele. Quando o número de animais acometidos é muito grande,
recomenda-se banhos de imersão ou aspersão com sulfato se zinco ou de
cobre (concentração de 0,2% a 0,5%).
A profilaxia é feita através do isolamento dos animais
acometidos, juntamente com a desinfecção do local e utensílios
utilizados no manejo destes animais.
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