Hoje em dia é muito comum ouvirmos opiniões divergentes sobre
castração. Muitos não sabem bem quais são as reais consequências dessa
decisão. Por isso, foi feito um guia para explicar as mudanças que o
procedimento causa, os tipos de cirurgia e como é o pós-operatório.
.
O que é castração?
O termo castração se refere ao ato de incapacitar um
indivíduo de reproduzir-se sexualmente, através da retirada das gônadas
sexuais, que nos casos do macho são os testículos (orquiectomia) e nas
fêmeas os ovários. Mas quando é realizada uma contração em fêmeas,
geralmente retiram-se não só os ovários, mas também as trompas e útero,
técnica que recebe o nome de ováriosalpingohisterectomia (OSH).
Por que é necessário castrar?
Cães e gatos vivem perto de nós, humanos,
e possuem características que podemos classificar como inteligência:
aprendem truques, percebem quando estamos zangados, são “charmosos”
quando querem conseguir alguma coisa… Mas não possuem a capacidade de
controlar o próprio instinto reprodutivo. Cabe a nós, seus guardiões
humanos, a tarefa de decidir sobre essa questão. E, como o excesso de
cães e gatos é um grave problema, especialmente nos grandes centros
urbanos, a castração é o instrumento mais eficaz que existe para
garantir que não haja uma explosão populacional dessas espécies. Para se
ter uma ideia do quanto esse assunto é sério, para cada bebê humano que
nasce, nascem também 15 cães e 45 gatos. Em seis anos, uma cadela e
seus descendentes, podem gerar 64 mil filhotes!
Como a castração funciona?
Nos machos, a castração consiste na
retirada dos testículos. Nas fêmeas, aconselha-se fazer a histerectomia,
que consiste na retirada do útero, trompas e ovários. Dessa forma, além
de não gerar filhotes, a cadela ou gata também não correrá o risco de
desenvolver tumores de mama, piometra e outras doenças ligadas ao
aparelho reprodutivo. Trata-se de uma cirurgia de baixo risco, que não
requer internação, mas envolve anestesia geral e não pode, de jeito
nenhum, ser realizada por “curiosos”: somente médicos veterinários
devidamente habilitados podem realizá-la. O pós-operatório é simples e
basta uma semana de recuperação para que o animal fique “novinho em
folha”.
Fêmeas
A cirurgia de castração em fêmeas mais comum e indicada para prevenir
uma gama maior de problemas de saúde é chamada de ovariohisterectomia,
que consiste na remoção do útero e dos ovários.
Embora seja raro, em alguns mutirões de castração pode acontecer
de o veterinário fazer a retirada apenas dos ovários (ovariectomia).
Ambas impedem a gravidez. Mas é recomendado certificar-se antes com o
veterinário sobre qual procedimento de castração ele irá fazer.
Machos
A castração mais comum e indicada para minimizar os comportamentos
mencionados acima é a orquiectomia, que remove os dois testículos.
Se o dono não se sente à vontade com a remoção dos testículos,
pode optar pela vasectomia, que apenas bloqueia a passagem dos
espermatozoides. Ambas impedem a procriação.
O que muda após a castração?
É natural que os cãezinhos mudem após a castração, física e comportamentalmente. Afinal, a cirurgia envolve partes do corpo relacionadas à produção de hormônios. Confira o que muda após a castração de cada sexo:
Castração de fêmeas
As mudanças são principalmente relacionadas à saúde:
- Acaba o incômodo com o período de cio – o sangramento acontece de seis em seis meses;
- Deixa de existir o risco de a cadela desenvolver tumores de útero e ovário, que são comuns. E diminui a chance de tumor nas mamas, especialmente se ela for castrada antes do primeiro cio (o momento ideal para realizar o procedimento é no quinto mês);
- Evita que elas tenham gravidez psicológica, que pode ocorrer quando a cadelinha passa pelo cio mas não fica grávida;
- Reduz o risco de piometra, um tipo de infecção grave no útero.
Castração de machos
As mudanças após a castração costumam ser mais aparentes em seu
comportamento. Com a remoção dos testículos, a produção de testosterona é
drasticamente reduzida. A castração diminui a chance de comportamentos
como:
- Demarcação de território com xixi, agressividade com outros cães e hábitos como “pegar” na perna das pessoas – especialmente se ele for castrado no primeiro ano de vida. O momento ideal para realizar o procedimento é entre o quinto e o sétimo mês, quando os órgãos reprodutivos terminaram de se formar;
- O procedimento também reduz a chance de o cãozinho ter tumor de próstata.
Não se esqueça que é essencial você procurar uma clínica veterinária
onde a cirurgia seja realizada com toda a segurança! Pesquise bem sobre o
processo de anestesia, faça exames pré-cirúrgicos no seu cachorro e
consiga todas as informações que puder do veterinário que vai realizar a
castração. Tome todo o cuidado possível para garantir um procedimento
tranquilo, indolor e benéfico para seu filho peludo.
A castração pode ser feita a partir dos 2 meses de idade e, no caso da fêmea, recomenda-se antes do primeiro cio.
Vantagens da Castração:
1) Diminui drasticamente o risco de
doenças nas vias uterinas e previne o aparecimento de tumores de mama,
útero, próstata e testículos;
2) Elimina a Gravidez Psicológica, que
afeta algumas fêmeas após o término do cio e se caracteriza pelo
inchaço das mamas (muitas vezes com edema), produção de colostro e
irritabilidade excessiva;
3) Diminui o risco de fugas e brigas, que podem acarretar acidentes graves e até fatais;
4) Ao acabar com o cio, elimina também
algumas consequências inconvenientes, tais como os latidos, uivos e
miados excessivos que ocorrem nos períodos de fertilidade;
5) Elimina os estados de excitação por
falta de cruzamentos – e o embaraço gerado quando o cãozinho resolve
agarras as pernas das visitas!;
6) Nas cadelas, elimina a
inconveniente perda de sangue no período de cio, assim como as
desagradáveis reuniões de machos na imediações da residência;
7) Contribui para a redução e até a
eliminação do hábito dos gatos de urinar em paredes e móveis para marcar
território. A urina também perde o odor forte e desagradável.
Pós-operatório de cirurgia de castração
O período de recuperação dos cães após a castração costuma variar
entre 7 e 12 dias, tanto para fêmeas quanto para machos. Durante esse
período é muito importante que seu filhote tenha uma companhia humana
sempre que possível. Limpe a ferida ao menos uma vez por dia durante
todo esse período, até o retorno ao veterinário.
Os veterinários costumam recomendar que o cãozinho use um macacão
cirúrgico e/ou um colar Elizabethano (o famoso “cone” ao redor da
cabeça) pelo menos nos primeiros cinco dias. Isso impede que ele fique
lambendo ou coçando o local dos pontos. Também tenha cuidado ao oferecer
comida e água — vá aos poucos e cuide para que seu bebê não coma muito
de uma vez só, o que pode fazê-lo passar mal nos dias após a cirurgia.
Os cinco primeiros dias são os mais críticos por conta dos pontos,
pois interferências neles podem causar infecções ou até seu
rompimento — o que vai exigir uma volta antecipada ao veterinário e mais
estresse para seu filho canino. Mesmo que no dia seguinte eles voltem a
apresentar comportamento normal, é importante não descuidar: até a
retirada dos pontos da castração, evite que seu peludo corra, suba
escadas ou pule demais. Essas atividades podem causar dor e também o
rompimento dos pontos, causando problemas e desconforto.
Após a cirurgia, os cães também costumam tomar
anti-inflamatórios, analgésicos e até antibióticos, então atente-se aos
horários e sempre dê os remédios que o médico veterinário passou nas
quantidades corretas.
Não se esqueça que o cachorro está em período de recuperação de
uma cirurgia, mas que ele mesmo não tem ideia disso! Então tenha
paciência, calma e carinho para lidar com essa fase.
Por fim, vale reforçar que a castração trata-se de uma cirurgia:
embora seja um procedimento comum e seguro, toda operação — com
anestesia, corte, pontos — envolve algum risco. Por isso, é super
importante fazer exames prévios com o veterinário para minimizar as
chances de ele ter qualquer problema.
Mitos sobre a Castração:
“Castração engorda”
Se o animal não castrado costuma sair por
aí atrás de possíveis cruzamentos, é possível que ele engorde, pois
ficará mais sossegado. Portanto, o mal não está na castração em si, e
sim, na mudança de hábito – ou seja, na diminuição de suas atividades
físicas. Dessa forma, o pet precisará apenas de mais oportunidades para
se exercitar.
“Eu não posso pagar!”
O custo da operação será amplamente
compensado por aquilo que você deixará de gastar em um futuro parto, nos
cuidados com os filhotes ou no tratamento de alguma das doenças que
comumente acometem animais não castrados. Hoje, várias clínicas realizam
castrações a preços reduzidos ou facilitam o pagamento.
“Eu sempre arrumo pra quem dar os filhotes”
É possível ter sorte e encontrar bons
adotantes para uma ou duas ninhadas. Mas será difícil conseguir, todos
os anos, de 10 a 15 pessoas responsáveis e dispostas a levar um pet pra
casa! É preciso pensar também que cada um desses filhotes poderá gerar, a
partir do primeiro ano de vida, outras dezenas de descendentes, que por
sua vez também terão filhotes, dando curso a um ciclo interminável de
crias e mais cães e gatos – e fatalmente muitos deles acabarão sem lar,
ou nas mãos de pessoas que não cuidarão deles com carinho. Infelizmente,
a “solução” encontrada por muitos guardiões de mamães que dão cria é
simplesmente jogar os filhotes na sarjeta, abandoná-los em portas de
clínicas veterinárias ou, de maneira ainda mais cruel, afogá-los quando
recém-nascidos. Então, a questão é: por que deixar novos filhotes
nascerem se não há lares suficientes para os que já existem?
“Mas ela precisa ter pelo menos uma cria…”
Não, não e não. A histerectomia realizada
em fêmeas praticamente elimina os riscos de aparecimento de tumores de
mama, piometra e outras doenças do aparelho reprodutor. Quanto mais
novinhas as cachorras ou gatas forem castradas, melhor! Lembre-se: ter
uma cria não acrescenta saúde ao animal e sim mais animais ao problema.
“Meu animal vai sofrer?”
A cirurgia, feita sob anestesia geral, é
indolor, e o médico veterinário receitará analgésicos para o
pós-operatório. No dia da cirurgia, é possível que o animal fique um
pouco “grogue” em decorrência dos anestésicos, mas certamente se
alimentará, beberá água e fará suas necessidades normalmente. E, em dois
ou três dias, o animal estará brincando e retomará suas atividades
rotineiras.
Seu animal não faz “escolhas”, não
alimenta expectativas quanto a unir-se a um parceiro e ter filhos nem
nada no gênero. Enfim, ele não tem os valores idênticos aos dos seres
humanos. É seu dever, como guardião, intervir e prevenir nascimentos
indesejados, agindo não somente pelo bem do seu companheiro, mas também
em prol de toda a espécie dele e da sociedade em que todos estamos
inseridos. Será, portanto, um benefício, e não uma ingerência indevida.
– Informe-se
sobre ações – subsidiadas ou não – de controle populacional/ castração
no órgão público responsável por animais de sua cidade ou região. Em Natal/RN, por exemplo, no CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), é possível
adotar e cadastrar-se para a castração gratuita de cães e
gatos que vem por outra promovem.
– Muitas ONGs fazem
castração de animais a preços populares e até facilitam o acesso para
quem não dispõe de condução própria. Informe-se.
Se gostou compartilha e se tem alguma dúvida ou sugestão me envia !
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