sábado, 18 de janeiro de 2020

Suicídio entre Médicos Veterinários

Os índices de suicídio entre profissionais da medicina veterinária têm crescido constantemente, causando preocupação com as condições de trabalho.

Pressionados constantemente por dívidas crescentes, pela fadiga da compaixão e por ataques de tutores irritados em suas mídias sociais, os índices de suicídio entre veterinários têm crescido cada vez mais. Muitos tiram a própria vida por meio de medicamentos e drogas destinadas a seus pacientes.

Um estudo, realizado na Inglaterra, apontou que médicos-veterinários possuem quatro vezes mais chances do que a população geral e o dobro de chances de outros profissionais da área de saúde de tirarem a própria vida. 

Um dos motivos que tem elevado esse número é o fato desses profissionais apresentarem a chamada Síndrome de Burnout. Segundo o psicólogo, mestrando pelo Programa de Pós-graduação de Psicologia Clínica da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Vitor Hugo Costa, ela é compreendida como uma síndrome psicológica oriunda da exposição prolongada aos estressores do ambiente de trabalho. 

A pessoa que sofre com esta síndrome apresenta, segundo ele, exaustão física, emocional e falta de vigor. Além disso, a pessoa afetada com o Burnout acaba por sentir-se improdutiva, menos importante e pouco realizada com sua atuação profissional.

Em Portugal, o veterinário e especialista europeu do comportamento animal Gonçalo Pereira coordenou um estudo, envolvendo cerca de um quarto dos profissionais, sobre a ansiedade, stresse, depressão desgaste profissional e satisfação com a vida que confirma estes valores "preocupantes".

"Somos uma classe que não está sequer preparada para identificar os sinais de depressão e de desgaste profissional", disse.

Segundo Gonçalo Pereira, ao nível dos veterinários de animais de companhia, são os especialistas em oncologia e comportamento animal os que têm menos satisfação com a vida, "talvez por serem as áreas mais frustrantes devido ao final de muitos dos casos".

"Os níveis de ansiedade, de stresse e de pressão da classe estão muito elevados", adiantou.

O bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários revelou hoje que vários veterinários já se suicidaram em Portugal, sendo esta uma profissão que alguns estudos identificam como tendo uma taxa de suicídios superior à população geral e a outras profissões da saúde.

No Dia Mundial do Animal, o Jorge Cid disse à agência Lusa que os casos de suicídio nesta profissão "não são um nem dois".

"É uma profissão extremamente stressante", disse o bastonário, recordando algumas das pressões a que estes profissionais estão sujeitos: "Quem faz inspeção pode sofrer pressões ao nível de alguns agentes económicos" e quem faz clínica, nomeadamente de animais de companhia, "lida muitas vezes com a morte, com um grande desgosto das pessoas".

"As pessoas colocam em nós uma carga grande, a qual às vezes temos dificuldade em ultrapassar", acrescentou.

Se soubessem a realidade, os ordenados e a precariedade, muitas pessoas não entrariam na profissão.
Segundo Jorge Cid, os veterinários são muitas vezes psicólogos. "As pessoas desabafam connosco. Há casos extremos, em que sabemos que aquele animal é a única companhia da pessoa -- e há imensos casos - e desenvolve-se ali uma grande carga psicológica" quando o animal sofre uma doença crónica que o vai provavelmente matar.

O bastonário explicou que estes profissionais são muitas vezes chamados a resolver situações, para as quais não têm meios.

"Tudo isto causa alguma depressão e que pode eventualmente, dado o alto stresse, levar a pessoa a suicidar-se", afirmou.

Outra situação causadora de stresse é o conhecimento de casos de maus tratos, que não poucas vezes acabam nos consultórios.

"Há uma panóplia de situações que são extremamente difíceis e a pessoa tem que ter uma grande estrutura física e moral para as aguentar", disse, concluindo que este é ainda "um trabalho mal remunerado".

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