Muitas vezes queremos que nossos peludinhos sejam eternos, pois nos
trazem tanta alegria e é tão bom tê-los por perto que a vontade é essa
mesma. Só que eternidade não existe para nada e ninguém e eles
infelizmente envelhecem como mostramos nesse post e/ou adoecem. É a lei para todo ser vivo: nascemos, crescemos, procriamos ou não, envelhecemos e morremos.
Existe um momento muito delicado nesse processo que vamos falar hoje, que é a eutanásia animal.
Segundo o Dicionário Online Aurélio, eutanásia é:
- Morte sem dor nem sofrimento
- Teoria que defende o direito a uma morte sem dor nem sofrimento a doentes incuráveis
- Ação que põe em prática essa teoria
Mas como nada nessa nessa vida é tão simples como contam os livros,
gostaria que conversássemos sobre os vários aspectos desse processo.
Quando se fala em eutanásia em animais, várias são as dúvidas de um
tutor que está acompanhando o seu animal. Certamente é uma decisão
delicada, porém, em alguns casos, necessária. É um momento muito
delicado e que muitas vezes, essa pessoa não consegue expressar seus
questionamentos, dificultando ainda mais a autorização do procedimento.
Devido a este contexto, segue um guia prático com as principais dúvidas para lhe auxiliar neste processo.
O QUE É A EUTANÁSIA EM ANIMAIS ?
O Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) descreve a eutanásia como “indução da cessação da vida animal, por meio de método tecnicamente aceitável e cientificamente comprovado, observando sempre os princípios éticos”.
QUANDO A EUTANÁSIA EM ANIMAIS É INDICADA ?
– Em primeiro lugar, a eutanásia é recomendada em casos nos quais há uma perda significativa na qualidade de vida do animalzinho. Em situações como: doenças degenerativas, doenças terminais, entre outros…;
– Em segundo lugar, quando o animal constituir ameaça à saúde pública;
– Além disso, quando o animal constituir risco à fauna nativa ou ao meio ambiente;
* É importante ressaltar, que a utilização da eutanásia em animais, fica restrita às situações nas quais não há a possibilidade da adoção de medidas alternativas.
QUEM DECIDE SOBRE A EUTANÁSIA ?
Antes de mais nada, o médico veterinário tem como missão lutar pela vida do seu paciente. Mas, diante de um prognóstico definitivo, vai orientar sobre a eutanásia. Logo, a decisão cabe única e exclusivamente ao tutor.
*Importante destacar que quando o profissional explica sobre todo o procedimento, sana todos os questionamentos e trata essa situação de maneira acolhedora para o animal e seu dono, a decisão fica ‘menos’ sofrida.
O ANIMAL VAI SOFRER ?
Não. O animal não sofre, porque ele será anestesiado antes e somente após a administração do anestésico é aplicada a outra medicação.
QUANTO CUSTA ?
O valor depende do porte do animal.
CONHECIMENTOS NECESSÁRIOS PARA REALIZAR A EUTANÁSIA
Segundo alguns critérios, a pessoa responsável pela eutanásia em animais deverá ter qualificação específica que abranja formação técnica, ética e humanitária comprovada sobre os métodos propostos. Além disso, é importante o serviço do profissional ser baseado com apoio emocional ao tutor e familiares. Importante ter o compromisso de proteger, fortalecer e honrar o vínculo humano-animal.
Assim como, entender o motivo pelo qual o animal está sendo morto,
estar familiarizado com o método e informado sobre a finalidade a que se
destinará o cadáver.
*Importante realizar o procedimento com um médico da sua confiança.
COMO É REALIZADO O PROCEDIMENTO ?
Primeiramente é necessário que as condições sejam adequadas tanto para o ponto de vista do executor, quanto para o ponto de vista animal. Por isso, ter cuidado com relação ao alojamento, contenção física, para minimizar a dor, o medo, a ansiedade e apreensão. Bem como, toda a manipulação do animal no momento da eutanásia deverá ser de maneira cuidadosa para obter efeito calmante. Do mesmo modo, o ambiente precisa estar livre de ruídos, limpo, longe de outros animais e com baixa luminosidade. Após a contenção o animal será anestesiado, depois receberá uma medicação que causará parada cardíaca.
QUANTO TEMPO DURA O PROCEDIMENTO ?
A princípio, o procedimento dura aproximadamente cinco minutos, independente do porte do animal.
PROPRIETÁRIO OU RESPONSÁVEL LEGAL PODE ASSISTIR AO PROCEDIMENTO ?
A princípio é difícil tutor ou responsável querer estar presente, porque se sente muito triste e evita este sofrimento. Mas, aos que desejam participar é possível.
*Em algumas situações tutor e veterinário tem uma relação de longa data, se o pedido de acompanhar o animal para não morrer sozinho for negado é um impacto negativo para essa pessoa. Dessa forma, o acolhimento neste momento é imprescindível.
QUAIS SÃO AS REAÇÕES QUE O ANIMAL VAI DEMONSTRAR APÓS A EUTANÁSIA ?
Resumindo, uma das reações é ter espasmos musculares. Estes espasmos são totalmente involuntários e não indicam dor ou sofrimento. Entretanto é normal o cão urinar ou defecar, no momento em que os seus esfíncteres se relaxam. Mas, não é sinal de estresse, é apenas uma reação normal do organismo.
COMO SABER SE O ANIMAL ESTÁ MORTO ?
O responsável pela eutanásia vai confirmar o momento da morte, através das seguintes indicações:
– Em primeiro lugar, a ausência de movimentos torácicos e sinais de respiração. Essa confirmação pode não ser suficiente, pois a parada respiratória sempre antecede a cardíaca e pode ser reversível;
– Em segundo lugar, a ausência de batimentos cardíacos e pulso;
– Além disso, ocorre a perda da coloração das membranas mucosas que ocorre por ausência de fluxo sanguíneo;
– Também ocorre a perda do reflexo corneal;
– Finalmente a perda do brilho e umidade das córneas e rigor mortis.
O QUE FAZER COM O CORPO DO SEU ANIMAL ?
Após o procedimento é necessário definir o que será feito com o corpo do seu animal.
– É possível que o tutor retire o corpo do seu animal do local, que foi realizado a eutanásia;
– Outra opção é deixar o corpo na clínica mediante o pagamento de uma taxa (algumas clínicas tem parceria com crematório e resolve essa situação);
– Por outro lado, é possível acionar um serviço funerário para animais.
A despedida é de grande importância para o processo de luto e cada família vai avaliar qual será o melhor ritual, para dizer adeus ao seu bicho de estimação.
QUAL O IMPACTO DO PROCEDIMENTO PARA O MÉDICO E EQUIPE ?
Ao mesmo tempo, a equipe médica também é impactada psicologicamente quando animais são submetidos à eutanásia. Em algum momento, para minimizar o choque, a equipe envolvida na execução da eutanásia deve passar por treinamentos continuados. Assim como, receber apoio psicológico e rodízio na atividade de execução.
QUAL O IMPACTO PARA TUTOR E FAMILIARES APÓS A MORTE DO SEU ANIMAL ?
Frequentemente é muito comum tutores se responsabilizarem e
insistirem em pensamentos do tipo “Poderia ter cuidado mais”, “por que
não levei no veterinário antes” e sentimentos de culpa pela decisão da
eutanásia. Afinal, a pessoa sempre considera que não fez o suficiente. Por isso, tente se lembrar de todo o amor que investiu, provavelmente foi o suficiente.
Quando tem criança em casa, vale ressaltar que é importante explicar o que aconteceu, ela precisa saber e aprender a lidar com essas ‘pequenas mortes’.
O PROCESSO DE LUTO
Durante o processo de luto, ocorre uma oscilação que permite a
reorganização do enlutado, ou seja, em alguns momentos a pessoa estará voltada para a perda: vai chorar, sentir saudade, olhar fotos, permanecer com os objetos que lembra o seu animal. Em outros momentos, estará voltada para a restauração: vai se envolver com outras atividades, cuidar dos filhotes que ficaram, ou buscar conforto na religião.
Em algum momento, por sua vontade, poderá decidir em ter outro animal.
Não substituindo o que se foi, pois este sempre será especial, mas sim,
para ter uma nova relação e poder amar outro bicho novamente.
QUANDO PROCURAR AJUDA ?
Definitivamente é importante respeitar seus sentimentos, pois ocorreu o rompimento de uma ligação muito forte, um amor incondicional. Mas chegará um tempo, em que a dor se tornará suportável.
Mas, se perceber que esse sofrimento permanece e você não tem apoio para falar da sua saudade e da sua tristeza, participe do Ciclo de Conversa Sobre o Luto – Perda do Animal de Estimação.
Afinal devo sacrificar meu cachorro ?
Essa é
uma pergunta que infelizmente muitas pessoas acabam fazendo mais cedo
ou mais tarde. Ver o sofrimento do animal é muito doloroso e muitos
veterinários acabam aconselhando a eutanásia. Se você está pensando em
sacrificar seu cão, não se culpe.
Mas cuidado, alguns veterinários aconselham eutanásia para coisas totalmente contornáveis, como por exemplo, a paralisia dos membros traseiros.
Não é porque um cão ficou paraplégico que ele não pode viver uma vida
normal em uma cadeirinha de rodas. Muitos cães vivem! A eutanásia é pra
casos extremos.
Se a eutanásia é proibida para seres humanos, porque então ela é
permitida para os animais? É justo tirar a vida de um ser? Essa é uma
questão muito polêmica e muitos tem opiniões contraditórias, porém só é
possível saber o que faríamos se estivesses frente a frente com a tomada
dessa decisão. Não nos cabe julgar a decisão de alguém.
A decisão pela eutanásia (sacrificar o cachorro) não deve ser por causa
de despesas médicas ou falta de tempo pra cuidar do animal. A decisão
deve ser tomada juntamente com o veterinário, que irá seguir critérios
médicos, normalmente para casos irreversíveis onde é impossível a
recuperação do animal.
REFERÊNCIAS
– Guia Brasileiro de Boas Práticas para a Eutanásia em Animais: Conceitos e procedimentos recomendados.
– Causas de Morte e razões para Eutanásia de Cães.
– Diretriz da Prática de Eutanásia do Concea.
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