Doença de Chagas é uma inflamação causada por um
parasita encontrado em fezes de insetos. É bastante comum em países da
América do Sul, América Central e no México. Alguns casos da doença já
foram identificados nos Estados Unidos também.
A Doença de Chagas também é conhecida como
tripanossomíase americana e chaguismo. Recebeu esse nome graças ao seu
descobridor, o médico brasileiro Carlos Chagas – indicado quatro vezes
ao Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia.
No Brasil, cerca de três milhões de pessoas estão
infectadas com a Doença de Chagas. A boa notícia é que esse número
corresponde somente a pessoas que foram infectadas no passado e que
continuam com o tratamento da doença. Em 2006, o Brasil recebeu o
certificado internacional de interrupção da transmissão da doença. Isso
se deu graças a ações sistematizadas e bem-sucedidas de controle químico
instituídas a partir de 1975, época em que a área endêmica da Doença de
Chagas cobria 18 estados nacionais e mais de 2.200 municípios. Hoje, a
transmissão da doença não se dá mais por meio do contato direto do
parasita, mas principalmente pelo contato indireto – por meio da
ingestão de alimentos contaminados com fezes do parasita ou com o inseto
que contenha este parasita, por exemplo.
Hospedeiros:
Homem, animais domésticos e silvestres.
Principais vetores:
Trypanosoma Cruzi
A Doença de Chagas é transmitida pelo Trypanosoma cruzi, um parasita da mesma família do tripanosoma africano, responsável pela doença do sono.
Suas formas evolutivas são: tripomastigota (forma de C), amastigota e epimastigota (hospedeiro invertebrado). O parasita pode ser encontrado nas fezes de alguns insetos,
principalmente um conhecido como barbeiro, e é um dos maiores problemas
de saúde na América do Sul, América Central e também do México. Devido à
imigração, a doença também afeta pessoas em outros continentes
atualmente.
É possível contaminar-se também com a doença a
partir da ingestão de alimentos crus e contaminados com fezes do
parasita, da transfusão de sangue ou transplantes de órgãos contaminados
com a doença, do contato direto com o parasita e com outros animais que
estejam infectados. A Doença de Chagas também pode ser congênita, no
caso de mães infectadas que transmitem esse mal para o filho durante a gravidez.
Fatores de risco
Os principais fatores de risco para a doença de Chagas são:
- Morar na América do Sul, América Central ou no México
- Viver sob condições extremas de pobreza
- Receber transfusão de sangue ou um transplante de órgão de uma pessoa portadora do parasita, mas que não tenha manifestado a Doença de Chagas.
Importante: não é comum que turistas contraiam a
doença em meio à sua viagem por uma das áreas consideradas de risco,
justamente porque eles costumam hospedar-se em hotéis e não têm contato
com o parasita. No entanto, pessoas que viajam para a região Norte do
Brasil devem tomar cuidado ao ingerir alimentos como caldo de cana e
açaí, pois em alguns casos o parasita pode ter sido moído juntamente com
as plantas que dão origem a esses alimentos.
Sintomas de Doença de Chagas
A doença de Chagas tem dois estágios: agudo e
crônico. A fase aguda pode apresentar sintomas moderados ou nenhum
sintoma. Entre os principais sintomas estão:
- Febre
- Mal-estar
- Inchaço de um olho
- Inchaço e vermelhidão no local da picada do inseto
- Fadiga
- Irritação sobre a pele
- Dores no corpo
- Dor de cabeça
- Náusea, diarreia ou vômito
- Surgimento de nódulos
- Aumento do tamanho do fígado e do baço.
Os sintomas deste estágio da Doença de Chagas podem
desaparecer sozinhos. Se eles persistirem e não forem tratados, a
doença pode evoluir para sua fase crônica, mas somente após a fase de
remissão. Podem-se passar anos até que outros sintomas apareçam. Quando
os sintomas finalmente se desenvolverem, eles podem incluir:
- Constipação
- Problemas digestivos
- Dor no abdômen
- Dificuldades para engolir
- Batimentos cardíacos irregulares
Como a doença de chagas é transmitida?
As principais formas de transmissão da doença de chagas são:
- Vetorial: contato com fezes de triatomíneos infectados, após picada/repasto (os triatomíneos são insetos popularmente conhecidos como barbeiro, chupão, procotó ou bicudo).
- Transplante de Órgãos.
- Leite Materno
- Oral: ingestão de alimentos contaminados com parasitos provenientes de triatomíneos infectados.
- Vertical: ocorre pela passagem de parasitos de mulheres infectadas por T. cruzi para seus bebês durante a gravidez ou o parto.
- Transfusão de sangue ou transplante de órgãos de doadores infectados a receptores sadios.
- Acidental: pelo contato da pele ferida ou de mucosas com material
contaminado durante manipulação em laboratório ou na manipulação de
caça.
O período de incubação da Doença de Chagas, ou seja, o tempo que os
sintomas começam a aparecer a partir da infecção, é dividido da seguinte
forma:
- Transmissão vetorial – de 4 a 15 dias.
- Transmissão transfusional/transplante – de 30 a 40 dias ou mais.
- Transmissão oral – de 3 a 22 dias.
- Transmissão acidental – até, aproximadamente, 20 dias.
Como prevenir a Doença de Chagas?
A prevenção da doença de Chagas está intimamente relacionada à forma de transmissão.
Uma das formas de controle é evitar que o inseto “barbeiro” forme
colônias dentro das residências, por meio da utilização de inseticidas
residuais por equipe técnica habilitada.
Em áreas onde os insetos possam entrar nas casas voando pelas
aberturas ou frestas, podem-se usar mosquiteiros ou telas metálicas.
Recomenda-se usar medidas de proteção individual (repelentes, roupas
de mangas longas, etc.) durante a realização de atividades noturnas
(caçadas, pesca ou pernoite) em áreas de mata.
Como diagnosticar a Doença de Chagas?
Na fase aguda da doença de Chagas, o diagnóstico se baseia na
presença de febre prolongada (mais de 7 dias) e outros sinais e sintomas
sugestivos da doença, como fraqueza intensa e inchaço no rosto e
pernas, e na presença de fatores epidemiológicos compatíveis, como a
ocorrência de surtos (identificação entre familiares/contatos).
Já na fase crônica, a suspeita diagnóstica é baseada nos achados
clínicos e na história epidemiológica, porém ressalta-se que parte dos
casos não apresenta sintomas, devendo ser considerados os seguintes
contextos de risco e vulnerabilidade:
- Ter residido, ou residir, em área com relato de presença de vetor transmissor (barbeiro) da doença de Chagas ou ainda com reservatórios animais (silvestres ou domésticos) com registro de infecção por T. cruzi;
- Ter residido ou residir em habitação onde possa ter ocorrido o convívio com vetor transmissor (principalmente casas de estuque, taipa, sapê, pau-a-pique, madeira, entre outros modos de construção que permitam a colonização por triatomíneos);
- Residir ou ser procedente de área com registro de transmissão ativa de T. cruzi ou com histórico epidemiológico sugestivo da ocorrência da transmissão da doença no passado;
- Ter realizado transfusão de sangue ou hemocomponentes antes de 1992;
- Ter familiares ou pessoas do convívio habitual ou rede social que tenham diagnóstico de doença de Chagas, em especial ser filho (a) de mãe com infecção comprovada por T. cruzi.
Mas para saber em que fase a doença está exatamente, outros exames deverão ser solicitados. Entre eles estão:
- Eletrocardiograma (ECG)
- Raio-X do tórax e do abdômen
- Ecocardiograma
- Endoscopia superior
Qual é o tratamento para Doença de Chagas?
O tratamento da doença de chagas deve ser indicado por um médico,
após a confirmação da doença. O remédio, chamado benznidazol, é
fornecido pelo Ministério da Saúde, gratuitamente, mediante solicitação
das Secretarias Estaduais de Saúde e deve ser utilizado em pessoas que
tenham a doença aguda assim que ela for identificada.
Para as pessoas na fase crônica, a indicação desse medicamento depende da forma clínica e deve ser avaliada caso a caso.
Em casos de intolerância ou que não respondam ao tratamento com
benznidazol, o Ministério da Saúde disponibiliza o nifurtimox como
alternativa de tratamento, conforme indicações estabelecidas em
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas.
Independente da indicação do tratamento com benznidazol ou
nifurtimox, as pessoas na forma cardíaca e/ou digestiva devem ser
acompanhadas e receberem o tratamento adequado para as complicações
existentes.
Complicações possíveis
Se a Doença de Chagas evoluir da fase aguda para a
fase crônica, diversos problemas cardíacos e digestivos podem ser
desencadeados, como:
- Insuficiência cardíaca
- Aumento do tamanho do esôfago (megaesôfago)
- Aumento do tamanho do cólon (megacólon)
- Cardiomiopatia
- Desnutrição
Doença de Chagas tem cura?
Cerca de 30% das pessoas infectadas que não se
tratarem desenvolverão a fase crônica da Doença de Chagas. Pode levar
mais de 20 anos desde o momento inicial da infecção até o
desenvolvimento de problemas cardíacos ou digestivos características da
fase sintomática da doença.
Alterações no batimento cardíaco (arritmia e
taquicardia ventricular, por exemplo) podem causar morte súbita. No
entanto, essa complicação geralmente ocorre vários anos depois do
desenvolvimento da insuficiência cardíaca.
Prevenção
Controle de insetos com inseticidas e habitações
com menos propensão de ter populações de insetos ajudam a controlar a
disseminação da doença. Ainda não existe uma vacina disponível para a
prevenção da Doença de Chagas.
Os bancos de sangue na América Central e do Sul
agora realizam testes em doadores para verificar a exposição ao
parasita. Quando o resultado do teste é positivo, o sangue é descartado.
Viajantes - Doença de Chagas
É considerado caso suspeito de Doença de Chagas o viajante que tenha ingerido alimento suspeito contaminado por T. cruzi ou
visitado área com presença de triatomíneos e apresente febre prolongada
(superior a 7 dias), acompanhado de pelo menos um dos seguintes sinais:
-
Edema de face ou de membros.
-
Exantema.
-
Adenomegalia.
-
Hepatomegalia.
-
Esplenomegalia.
-
Cardiopatia aguda (taquicardia, sinais de insuficiência cardíaca).
-
Manifestações hemorrágicas.
-
Sinal de Romaña ou chagoma de inoculação.
Fontes:
Sociedade Brasileira de Infectologia
https://www.minhavida.com.br/saude/temas/doenca-de-chagas
https://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/doenca-de-chagas
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