sábado, 14 de setembro de 2019

Mitose e Meiose

As células dos seres vivos podem originar células-filhas. Isso acontece por meio de dois tipos de divisões celulares: mitose e meiose. Vamos chamar de célula-mãe aquela que sofrerá divisão, isto é, a célula original, e de células-filhas as resultantes do processo.

Ao sofrer mitose, uma célula-mãe origina duas células-filhas, geralmente idênticas a ela e com a mesma quantidade de cromossomos, isto é, com a mesma ploidia. Como veremos mais adiante, na meiose, são quatro as células-filhas geradas, que contêm metade da quantidade de cromossomos da célula-mãe. A meiose é um processo especialmente importante na geração de gametas e esporos.

Função da mitose e meiose


Mitose e meiose fazem parte dos processos de reprodução celular que ocorrem nos seres vivos. Elas criam células que servirão para os mais diferentes objetivos biológicos. Na mitose, as células são idênticas a sua célula mãe. Já na mitose, quatro células-filhas são criadas com metade do material genético vindo da célula-mãe.

Interfase: meiose e mitose


A interfase é o momento entre duas divisões celulares seguidas. Nesse momento, os filamentos cromossômicos continuam descondensados dentro do núcleo, o que constitui a cromatina — que é um complexo de DNA e proteínas, localizado dentro do núcleo da célula.

Acontece também nessa fase o crescimento celular e a duplicação dos cromossomos. Assim, a célula se prepara para a próxima divisão. A interfase é relativamente longa. Alguns mamíferos, por exemplo, têm um ciclo celular com 36 horas de duração. Nesse período, 35 horas são de interfase e apenas 1 hora para a mitose.

Por outro lado, em um ciclo de 24 horas, entre 9 a 11 horas serão para a fase G1, enquanto a fase S tem de 8 a 11 horas. Para terminar, a fase G2 tem de 4 a 5 horas. A mitose, entretanto, faz seu trabalho em um tempo curto, ocupando o tempo restante.
Entenda cada uma dessas fases a seguir:

Fases da interfase


A interfase, normalmente, tem 3 fases: G1, S e G2.

G1


Também chamada de Gap 1 (que significa intervalo 1), normalmente é a fase mais variável e longa do ciclo. Essa fase é anterior à duplicação do DNA. Há células que permanecem nesse estágio até a morte, não indo para o próximo estágio. Isso só acontece quando a célula não recebe os estímulos necessários para realizar a divisão.

Ou seja, cumpre apenas seu papel de participar do metabolismo (não duplica material e nem se divide). Nesse caso, pode-se dizer que a célula ficou no estado G prolongado ou G0.

Alguns exemplos são as células do sistema nervoso, que permanecem dessa forma para sempre e o fibroblasto — célula da pele que continua em G0 até receber um estímulo, que normalmente acontece com um ferimento.

S (Síntese)


Nesse momento, acontece a duplicação do material genético. Sendo assim, a célula realiza as funções metabólicas e, ao final, o DNA estará pronto para duplicação.

G2


Também chamado de Gap 2, é nessa fase em que há a produção das substâncias necessárias para a formação de células-filhas e organelas.

O que é meiose?


Chama-se de meiose o processo de divisão celular que acontece na formação dos gametas, o qual reduz o número de cromossomos. Dessa forma, uma célula-mãe diploide consegue originar 4 células-filhas haploides.

A meiose foi descoberta por Friedrich Weismann, que viveu entre 1834 e 1914, quando elaborou uma hipótese para explicar o motivo do número de cromossomos ser igual entre as gerações seguintes.

De forma acertada, definiu que na formação dos gametas acontecia um tipo de divisão celular. Ainda disse que o número de cromossomos nas células-filhas era reduzido pela metade.

O processo acontece a partir de duas etapas de divisões consecutivas, gerando quatro células:
  • Meiose I: etapa de redução — o número de cromossomos diminui pela metade;
  • Meiose II: etapa equacional — o número de cromossomos nas células que se dividem é mantido nas células formadas.
A meiose acontece quando as células entram em fase de reprodução, processo fundamental para que os gametas e esporos sejam formados e para a divisão do zigoto.

Fases da meiose I

 

Prófase I


A fase de prófase I é complexa e pode ser dividida em cinco fases seguidas.
  • Leptóteno: Nesse caso, cada cromossomo é formado por duas cromátides. A presença de condensações pode ser observada, sendo chamada de cromômeros.
  • Zigóteno: O emparelhamento dos cromossomos homólogos é iniciado, o que é chamado de sinapse.
  • Paquíteno: Completa o processo iniciado no Zigóteno. Os pares de cromossomos têm quatro cromátides, sendo uma bivalente ou tétrade. As que se originam de um mesmo cromossomo são formadas por cromátides-irmãs. Por outro lado, as que são originadas de cromossomos homólogos são denominadas de cromátides homólogas. É possível que sofram uma ruptura e, caso os pedaços troquem de lugar, acontecerá uma permutação (também chamada de crossing over). Como os cromossomos portam genes, acontece uma recombinação gênica.
  • Diplóteno: São cromossomos homólogos que se afastam, mas continuam ligados pelas áreas em que ocorreu a permutação, constituindo os quiasmas.
  • Diacinese: A condensação continua e os cromossomos homólogos são separados. Dessa forma, os quiasmas escorregam para as pontas (esse processo é chamado de terminação dos quiasmas). Enquanto as fases vão evoluindo, a carioteca e o nucléolo desaparecem.
  •  

Metáfase I


Nessa fase, a membrana celular desaparece, assim, os pares de cromossomos homólogos passam a ter uma organização no plano equatorial da célula. Os centrômeros homólogos se ligam em fibras que vêm de centríolos opostos. Dessa forma, o componente de cada par será puxado em direções diferentes.

Anáfase I


Aqui, não acontece a divisão dos centrômeros. Os componentes do par migram em direção a um dos polos celulares.

Telófase I


É a última fase da primeira divisão da meiose. Nesse momento, os conjuntos haploides são agrupados em polos opostos. Isso torna-os mais finos e longos. O fuso acromático é desagregado e desaparece, formando-se uma membrana nuclear em volta dos conjuntos.

É possível que aconteça uma divisão celular em duas (chamada de citocinese) ou ir imediatamente para a segunda divisão.

Fases da meiose II


No segundo ciclo, acontece a separação das cromátides-irmãs dos cromossomos. Veja, agora, cada fase!

Prófase II


Se comparada com a prófase I, é mais rápida. Algumas vezes ela pode nem acontecer. Nesse caso, as células vão direto para a Metáfase II. Aqui:
  • os cromossomos são condensados;
  • os nucléolos desaparecem;
  • os centríolos que foram duplicados ocupam os polos opostos;
  • aparece o fuso acromático;
  • a carioteca é desorganizada e os cromossomos são espalhados pelo citoplasma, dessa forma, as fibras são perdidas.
  •  

Metáfase II


Como também acontece na mitose, os cromossomos ficam presos às fibras do fuso pelo centrômero. Ambos polos são partidos.

Anáfase II


Nesse momento, acontece a duplicação dos centrômeros. As cromátides-irmãs também são separadas, o que ocorre de forma parecida com a mitose.

Telófase II


Nessa fase, os núcleos são reorganizados. Com a citocinese, as quatro células-filhas são separadas. Ou seja, não há mais cromossomos homólogos e elas têm metade do número de cromossomos, se comparadas à célula que deu início à meiose.

O que é mitose?


Mitose é um processo em que as células eucarióticas têm seus cromossomos divididos entre duas células menores. O processo dura, geralmente, entre 52 e 80 minutos.

O entendimento da mitose foi proposto por Walther Flemming que, estudando a células epidérmicas de uma salamandra, verificou algumas alterações no núcleo das células que passam por divisão.

Viu que os cromossomos eram visíveis e pareciam com fios longos e finos dentro do núcleo (nessa fase, é impossível ver um único filamento, que é chamado de cromatina). Durante esse tempo, ficam mais grossos e curtos, o que se chama de condensação.

Fases da mitose

Prófase

 

Quando a mitose começa em uma célula diploide, os cromossomos e o centrossomo estão duplicados. Na prófase, o condensamento dos cromossomos começa, sendo visíveis até em um microscópio óptico. Os cromossomos são constituídos por dois cromatídios, que são unidos pelo centrômero. Eles são chamados de cromossomos dicromatídeos.

Logo depois, os centríolos são deslocados para os polos opostos. Nesse momento, a formação do fuso acromático (também chamado de fuso mitótico) é iniciada. Ainda assim, o invólucro nuclear é desorganizado e os nucléolos desaparecem. Essa fase é fundamental para que a divisão dos cromossomos aconteça.

Prometáfase


O envelope nuclear é dissolvido em vários fragmentos. O desaparecimento dele inaugura o início da segunda fase, chamada de prometáfase. Os microtúbulos que vêm dos centrossomos atingem os cromossomos, que nesse momento estão condensados.

Na região do centrômero, a cromátide-irmã tem uma estrutura de proteína chamada cinetócoro. Há microtúbulos que são ligados ao cinetócoro e arrastam os cromossomos. Outros fazem contato com os microtúbulos que vieram do polo oposto.

As forças que são exercidas pelos motores proteicos são associadas aos microtúbulos e movem o cromossomo ao centro da célula. Isso é visível a partir de um microscópio óptico.

Metáfase

 

A metáfase é a fase em que os centrômeros dos cromossomos ligam-se às fibras cinetocóricas (vindas dos centríolos). É considerada como uma das fases mais estáveis da mitose. Os cromatídios são mais visíveis e já vão rumo à próxima fase: a anáfase.

Nesse momento da mitose, os cromossomos condensados estão alinhados no centro da célula e formam a placa metafásica (também chamada de placa equatorial). Isso acontece antes que os centrômeros sejam duplicados e que as fibras cinetocóricas sejam encurtadas, o que permite que as cromátides-irmãs caminhem para o polo das células que estão em formação.

Nessa etapa é que acontecem os estudos de cariótipo, uma vez que os cromossomos estão completamente condensados e se tornam visíveis. Também nessa fase ocorre a duplicação dos centrômeros.

Anáfase

 

Durante essa fase, o centrômero é duplicado. Dois cromatoplastídeos são separados e passam a formar dois cromossomos independentes.

As fibrilas que estão ligadas aos dois cromossomos são encolhidas, então, esses cromossomos se afastam e vão para os polos opostos da célula. Dessa forma, no final, haverá o mesmo número de cromossomos em ambos os polos. Eles terão o mesmo conteúdo genético, que também é idêntico ao da célula-mãe.

Telófase

 

É na Telófase que os cromossomos se descondensam. Os cromossomos-filhos ficam presentes nos dois polos celulares e uma nova membrana nuclear é organizada em volta do conjunto de cromossomos. Quando acontece a descondensação, os cromossomos voltam ao trabalho, produzindo RNA. Os nucléolos aparecem novamente.

É também nessa fase que os cromossomos ficam menos visíveis. O invólucro nuclear é reorganizado em torno do conjunto de cromossomos, assim, os nucléolos reaparecem. Quando o fuso acromático desaparece, entende-se que a cariocinese está concluída. No final dessa fase, o processo de Citocinese é iniciado.

Citocinese


Para terminar, a Citocinese é a divisão do citoplasma que permite que as células-filhas sejam individualizadas. Nas células animais (são aquelas que não têm parede celular) se formam na zona equatorial um anel com filamentos de proteínas. Eles se contraem e puxam a membrana.

Assim, aparece um sulco que estrangula o citoplasma até que as células-filhas são separadas. Como a separação é realizada a partir do estrangulamento, ele é chamado de citocinese centrípeta.

Já nas células vegetais (são as que têm parede celular), a parede não permite que a divisão aconteça por estrangulamento. Então, um conjunto de vesículas vindas do complexo de Golgi aparecem na região equatorial e formam uma membrana plasmática, formando uma lamela entre as células-filhas.

Depois, acontece a formação das paredes celulares nas novas células. Como essa citocinese acontece de dentro para fora, é comum ser chamada de citocinese centrífuga.

Mitose e meiose: resumo


A mitose e a meiose são dois tipos diferentes de divisão celular. No primeiro caso, o processo gera duas células-filhas idênticas geneticamente. Elas se desenvolvem a partir de uma célula-mãe. Na meiose, a divisão celular envolve fissão do núcleo, o que gera quatro células. Elas têm metade do número de cromossomos da célula original.
Veja, agora, mais diferenças entre esses dois tipos de divisão celular.

Quantidade de divisões

  • Mitose — a célula é somática é só se divide uma vez;
  • Meiose — a célula é reprodutiva e se divide duas vezes.
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Tipo de reprodução

  • Mitose — reprodução assexuada;
  • Meiose — reprodução sexuada.
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Quantidade de célula-filhas

  • Mitose — são produzidas duas células-filhas; As células são diploides (2n) e contêm o mesmo número de cromossomos da célula-mãe;
  • Meiose — são geradas quatro células-filhas; as células são haploides (n) e têm a metade da quantidade de cromossomos da célula original.
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Composição Genética

  • Mitose — nesse caso, as células-filhas são idênticas geneticamente;
  • Meiose — na meiose, as células resultantes têm diferentes combinações genéticas.
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Fases da divisão

Mitose

Na mitose são 4 fases:
  • Prófase;
  • Metáfase;
  • Anáfase;
  • Telófase.
  •  

Meiose

A meiose conta com 8 fases:
  • Prófase I;
  • Metáfase I;
  • Anáfase I;
  • Telófase I;
  • Prófase II;
  • Metáfase II;
  • Anáfase II;
  • Telófase II.

 

Ocorrência

  • Mitose — acontece em todos os organismos;
  • Meiose — ocorre nos seres humanos, animais, plantas e fungos.

 

Cruzamento genético

  • Mitose — não há recombinação ou cruzamento;
  • Meiose — acontece recombinação genética a partir do cruzamento.

 

Emparelhamento de homólogos

  • Mitose — na mitose não há emparelhamento de homólogos;
  • Meiose — na meiose há emparelhamento de homólogos.

 

Principais funções

  • Mitose — regeneração e crescimento dos tecidos, formação de gametas nos vegetais, cicatrização e divisões do zigoto no desenvolvimento do embrião;
  • Meiose — na meiose, há a garantia de diversidade genética a partir da reprodução sexual; nos animais, formam-se os gametas; nos vegetais, a formação de esporos.

 

Número de divisões

  • Mitose — 1;
  • Meiose — 2.

 

Quantidade de cromossomos

  • Mitose — a quantidade continua a mesma;
  • Meiose — os cromossomos são reduzidos pela metade.

 

Fase da divisão dos centríolos

  • Mitose — os centríolos são divididos durante a anáfase;
  • Meiose — acontece a divisão durante a anáfase II.

 

Geração de células

  • Mitose — a mitose é capaz de gerar todos os tipos de células, menos as sexuais;
  • Meiose — gera apenas células sexuais, como óvulos e espermatozoides.

 

Citocinese

  • Mitose — acontece na telófase;
  • Meiose — acontece durante a telófase I e na telófase II.

 

Descoberta

  • Mitose — descoberta por Walther Flemming;
  • Meiose — descoberta por Oscar Hertwig.
Fonte: stoodi.com.br

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Celulas e Organelas

Os seres vivos diferem da matéria bruta porque são constituídos de células. Os vírus são seres que não possuem células, mas são capazes de se reproduzir e sofrer alterações no seu material genético. Esse é um dos motivos pelos quais ainda se discute se eles são ou não seres vivos.

A célula é a menor parte dos seres vivos com forma e função definidas. Por essa razão, afirmamos que a célula é a unidade estrutural dos seres vivos. A célula - isolada ou junto com outras células - forma todo o ser vivo ou parte dele. Além disso, ela tem todo o "material" necessário para realizar as funções de um ser vivo, como nutrição, produção de energia e reprodução.

Cada célula do nosso corpo tem uma função específica. Mas todas desempenham uma atividade "comunitária", trabalhando de maneira integrada com as demais células do corpo. É como se o nosso organismo fosse uma imensa sociedade de células, que cooperam umas com as outras, dividindo o trabalho entre si. Juntas, elas garantem a execução das inúmeras tarefas responsáveis pela manutenção da vida. 

As células que formam o organismo da maioria dos seres vivos apresentam uma membrana envolvendo o seu núcleo, por isso, são chamadas de células eucariotas. A célula eucariota é constituída de membrana celular, citoplasma e núcleo. 


Nestas figuras você pode comparar uma célula humana (animal) com uma célula vegetal. A célula vegetal possui parede celular e pode conter cloroplastos, duas estruturas que a célula animal não tem. Por outro lado, a célula vegetal não possui centríolos e geralmente não possui lisossomos, duas estruturas existentes em uma célula animal.

A membrana plasmática


A membrana plasmática é uma película muito fina, delicada e elástica, que envolve o conteúdo da célula. Mais do que um simples envoltório, essa membrana tem participação marcante na vida celular, regulando a passagem e a troca de substancias entre a célula e o meio em que ela se encontra.
Muitas substâncias entram e saem das células de forma passiva. Isso significa que tais substâncias se deslocam livremente, sem que a célula precise gastar energia. É o caso do gás oxigênio e do gás carbônico, por exemplo.




Outras substâncias entram e saem das células de forma ativa. Nesse caso, a célula gasta energia para promover o transporte delas através da membrana plasmática. Nesse transporte há participação de substâncias especiais, chamadas enzimas transportadoras. Nossas células nervosas, por exemplo, absorvem íons de potássio e eliminam íons de sódio por transporte ativo.

Observe a membrana plasmática. Ela é formada por duas camadas de lipídios e por proteínas de formas diferentes entre as duas camadas de lipídios. 

Dizemos, assim, que a membrana plasmática tem permeabilidade seletiva, isto é, capacidade de selecionar as substâncias que entram ou saem de acordo com as necessidades da célula.

O citoplasma


O citoplasma é, geralmente, a maior opção da célula. Compreende o material presente na região entre a membrana plasmática e o núcleo. 


Ele é constituído por um material semifluido, gelatinoso chamado hialoplasma. No hialoplasma ficam imersas as organelas celulares, estruturas que desempenham funções vitais diversas, como digestão, respiração, excreção e circulação. A substância mais abundante no hialoplasma é a água.



Vamos, então, estudar algumas das mais importantes organelas encontradas em nossas células: mitocôndrias, ribossomos, retículo endoplasmático, complexo de Golgi, lisossomos e centríolos.

Mitocôndrias: 

 

São organelas de formato esférico ou alongado que se destacam por sua capacidade de produzir energia para a célula na forma de ATP. Essas estruturas possuem cerca de 0,5 µm de largura, aproximadamente 10 µm de comprimento e dupla membrana característica, o que possibilita a diferenciação de seu interior em dois compartimentos distintos.


Entre uma membrana e outra da mitocôndria, é possível identificar o espaço intermembranoso. Já o compartimento delimitado pela membrana interna é chamado de matriz mitocondrial. Essa membrana interna também se destaca por formar a chamada crista mitocondrial, que aumenta a superfície de contato da organela.

Ribossomos:


Os ribossomos são organelas formadas por duas subunidades, uma maior e uma menor, compostas por RNA ribossomal e proteínas. A função dessa organela celular é ligar aminoácidos para a síntese das proteínas necessárias para determinado organismo.

Retículo Endoplasmático:

O retículo endoplasmático é uma organela membranosa que forma uma espécie de rede complexa.

 Em algumas porções dessa estrutura, é possível observar a presença de ribossomos aderidos, sendo essa região denominada de retículo endoplasmático granular ou rugoso. Nas porções em que não há ribossomos na membrana, a denominação correta é retículo endoplasmático agranular ou liso.

Várias funções podem ser atribuídas ao retículo endoplasmático. O granular é mais associado com a produção de proteínas, e o agranular relaciona-se com a produção de esteroides e de fosfolipídios e com a neutralização de substâncias nocivas. Nas células musculares, onde recebe o nome de retículo sarcoplasmático, essa organela relaciona-se com a contração muscular.

Complexo de Golgi:


O complexo golgiense é uma organela formada por várias vesículas achatadas e distribuídas uma sobre as outras (empilhadas). Como função dessa organela, podemos citar modificações pós-tradução e empacotamento e endereçamento de moléculas.




Lisossomos:


Trata-se de uma estrutura envolta por membrana que contém em seu interior mais de 40 enzimas relacionadas com a digestão intracelular. Apesar de estarem presentes em todos os tipos celulares, são encontrados em maior quantidade naqueles que realizam fagocitose, como algumas células de defesa do organismo.

 

Peroxissomos:


O peroxissomo, organela esférica delimitada por membrana, é responsável por oxidar substratos orgânicos. Nessa reação, o peroxissomo produz peróxido de hidrogênio, que é quebrado no interior dessa organela pela catalase.

Plastídios:


Os plastídios são organelas típicas das células vegetais. O plastídio mais conhecido é o cloroplasto, organela responsável pelo processo de fotossíntese e rica em clorofila, um pigmento que dá cor verde às plantas. Além dos cloroplastos, são exemplos de plastídios o cromoplasto e o leucoplasto.

Vacúolos de sulco celular:

Os vacúolos de suco celular, assim como os plastídios, são estruturas exclusivas das células vegetais. Eles são envoltos por membrana e possuem em seu interior um líquido denominado de suco celular. Os vacúolos realizam diversas funções, como a estocagem de produtos do metabolismo, a degradação de macromoléculas e a manutenção da rigidez dos tecidos vegetais.

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sábado, 24 de agosto de 2019

Embriologia - Fecundação

A fecundação humana é uma etapa fundamental para que a gravidez aconteça. É por meio dela que óvulo e espermatozoide se unem, dando origem a um embrião e, posteriormente, a um bebê. Conhecendo o óvulo O óvulo é o gameta feminino. Uma mulher nasce com todos os óvulos que serão liberados durante sua vida fértil.

 A fecundação é uma etapa fundamental para que a gravidez aconteça. É por meio dela que óvulo e espermatozoide se unem, dando origem a um embrião e, posteriormente, a um bebê.

Dos aproximadamente 300 milhões de espermatozoides eliminados na ejaculação, apenas cerca de 200 atingem a tuba uterina, e só um fecunda o ovócito II.

 

CONHECENDO O ÓVULO 


O óvulo é o gameta feminino. Uma mulher nasce com todos os óvulos que serão liberados durante sua vida fértil. Eles ficam armazenados nos ovários, na forma de folículos ovarianos.

Geralmente, uma mulher passa a ovular a partir dos seus 13 ou 14 anos. Nessa época, dá-se início à sua vida fértil, por meio da liberação mensal de um óvulo. O gameta nada mais é do que o resultado do amadurecimento de um folículo ovariano. Esse processo acontece por meio da ação de alguns hormônios no corpo feminino, como a progesterona e o estrogênio.

Uma mulher com ciclo menstrual regular tem um óvulo liberado a cada 28 dias. Esse intervalo, contudo, pode variar devido a uma série de fatores. Tanto do organismo, quanto externos. Considerando a data da menstruação, é comum que a ovulação ocorra 14 dias depois.

Após liberado, o gameta fica disponível por cerca de 72 horas. Caso não seja fecundado, ele é dissolvido pelo corpo e eliminado na menstruação seguinte. A menstruação também é composta pela descamação do endométrio, a camada interna do útero. A cada ciclo, o endométrio é espesso, de modo a permitir a fixação de um embrião. Quando não utilizado, ele é eliminado e renovado para o período seguinte.

Com a ovulação, o óvulo fica disponível na tuba uterina da mulher, aguardando a chegada de um espermatozoide. Esse intervalo de até 72 horas é chamado de período fértil. A concepção só pode ocorrer durante este período.

 E OS GAMETAS MASCULINOS ?



Diferentemente da mulher, o homem não nasce com os seus espermatozoides pré-formados. Em  vez disso, as células são produzidas a partir do início do seu período fértil, que ocorre entre os 12 e 15 anos de idade.

Os espermatozoides levam em torno de 3 meses para ficarem prontos, no entanto, dentro dos testículos, existem diferentes focos de produção dos espermatozóides. Quando prontos, os gametas masculinos ficam armazenados no epidídimo e são liberados por meio da ejaculação. Quando uma relação sexual sem método contraceptivo ocorre, eles são liberados no corpo da mulher e podem buscar o óvulo disponível. Caso o encontrem, a fecundação humana é realizada, dando origem a um embrião. O embrião, então, precisa se deslocar até o útero e se prender à sua parede. Conseguindo fazê-lo, dá-se início à gravidez.

Atração Irresistível!


Os espermatozoides são atraídos por substâncias químicas liberadas pelo óvulo e nadam em busca dele.

Além disso, substâncias do sêmen estimulam as contrações da musculatura do útero, que juntamente com os movimentos dos flagelos, levam os espermatozoides até a tuba uterina.


Acontece a Fertilização


Inicia-se o fenômeno chamado fertilização com a fusão das membranas dos gametas, além da secreção dos grânulos corticais que formam barreira à entrada de outros espermatozoides.

Com a entrada do espermatozoide suas estruturas fundem-se ao óvulo, assim os corpos basais do flagelo originam os centríolos do zigoto, o resto do flagelo e as mitocôndrias degeneram.

O ovócito secundário (na verdade, o óvulo é um ovócito secundário, uma vez que a divisão meiótica é interrompida durante a ovulogênese) completa sua divisão, formando um corpo polar secundário e o pronúcleo feminino.

O núcleo do espermatozoide aumenta de volume originando o pronúcleo masculino.

Acontece a união dos conteúdos dos pronúcleos masculino e feminino, processo chamado cariogamia. É nesse momento que é originado o zigoto, a primeira célula do novo ser.

Essa etapa costuma ocorrer nas primeiras 24 horas após a entrada dos espermatozoides no útero.


ETAPAS DA FECUNDAÇÃO !


São seis as etapas da fecundação, que ocorrem de forma rápida e sucessiva. É por meio da completude correta de cada uma das fases que a concepção de um bebê saudável se inicia.

Para começar o processo, há a passagem do espermatozoide através da corona radiata do óvulo. Essa estrutura é uma camada externa da célula feminina. Ela produz sinais químicos que atraem os espermatozoides, algo que facilita o encontro entre os gametas do homem e mulher.


Em seguida, o espermatozoide penetra na zona pelúcida. Essa membrana é composta por uma grossa camada de glicoproteínas e células foliculares ovarianas, que protegem e nutrem o óvulo. Logo que um gameta masculino penetra a camada, ela passa por uma mudança instantânea, tornando-se impermeável e impedindo a entrada de outros espermatozoides.


Na fase seguinte, ocorre a fusão das membranas plasmáticas do óvulo e espermatozóides. Isso significa que as membranas se unem no local onde se encontraram, com a cabeça e a cauda do gameta masculino entrando no ovócito. Depois, há a segunda divisão meiótica e a condensação dos cromossomos maternos.

Então, o núcleo madura do ovócito evolui para um pronúcleo feminino. O núcleo do espermatozoide também aumenta, compondo o  pronúcleo masculino. Unidas, essas estruturas estabelecem uma estrutura geneticamente única, com informações de DNA vindas do pai e da mãe. A união e divisão de células geram um zigoto, que se desloca para o útero e fixa-se no endométrio.



Na fecundação, o espermatozoide fornece para o zigoto o núcleo e o centríolo. As mitocôndrias dos espermatozoides desintegram-se no citoplasma do óvulo. Assim, todas as mitocôndrias do corpo do novo indivíduo são de origem materna.

Hoje se sabe que há muitas doenças causadas por mutações no DNA mitocondrial e que elas são transmitidas diretamente das mães para seus descendentes. Além disso, a análise do DNA mitocondrial tem sido usada em testes de maternidade para verificar quem é a mãe de uma criança.

O núcleo haploide do óvulo e o núcleo do espermatozoide recebem, respectivamente, os nomes pró-núcleo feminino e pró-núcleo masculino. Com a união desses núcleos (anfimixia), temos a formação da célula-ovo ou zigoto e o início do desenvolvimento embrionário. 

Clivagens do Zigoto


A partir da formação do zigoto começa um processo de divisões celulares que originará muitas células.

Essas segmentações ou clivagens do zigoto marcam o início do desenvolvimento embrionário.

Quando chega a um estágio chamado blastocisto, o embrião poderá se implantar na parede uterina.

A primeira clivagem ocorrer cerca de 24 horas após a fertilização, portanto no 2º dia após as relações sexuais e o blastocisto é formado entre o 4º e o 7ºdia.

Nidação e Início da Gravidez


Se houver implantação ou nidação do blastocisto na parede do endométrio uterino, iniciará a gravidez, caso contrário ele será eliminado junto com a menstruação. A nidação ocorre por volta de 1 semana após fecundação.

Gêmeos Dizigóticos e Monozigóticos


Eventualmente se a mulher liberar dois ovócitos ou mais durante a ovulação, e ambos forem fecundados, serão formados dois zigotos que originarão dois embriões com características diferentes.

Se os embriões fizerem a nidação e se desenvolverem, nascerão gêmeos dizigóticos, também chamados fraternos ou bivitelinos.

Se um único zigoto durante as clivagens se separar e formar dois embriões, eles terão as mesmas características, sendo chamados gêmeos monozigóticos ou univitelinos.

Dependendo do estágio em que ocorre a divisão do zigoto em dois embriões, eles poderão ter a própria placenta e bolsa amniótica ou compartilhá-la.

Na maioria dos casos, esse processo ocorre entre o 4º e o 10º dias do desenvolvimento embrionário, de tal forma, que cada embrião tem seu cordão umbilical mas compartilham a mesma placenta e bolsa amniótica.

Doenças humanas relacionadas ao DNA mitocondrial


Cada célula do corpo humano possui centenas de mitocôndrias. Dentro de uma única mitocôndria existem várias moléculas circulares de DNA, e cada uma delas inclui 37 genes relacionados com a síntese de proteínas envolvidas nas etapas da respiração.

Mutações no DNA mitocondrial têm sido relacionadas com o envelhecimento e com uma série de doenças degenerativas, especialmente do cérebro, dos músculos, dos rins e das glândulas produtoras de hormônios. Essas mutações alteram o funcionamento das mitocôndrias de modo que elas deixam de produzir energia para as células continuarem executando suas funções normais.

A tabela a seguir resume algumas das doenças humanas que podem ser causadas por mutações no DNA mitocondrial. Algumas delas são causadas também por mutações no DNA dos cromossomos. 


Doença
Característica
Alzheimer Perda progressiva da capacidade cognitiva.
Oftalmoplegia crônica progressiva Paralisia dos músculos dos olhos.
Diabetes melito Altos níveis de glicose no sangue, levando a complicações como cegueira, disfunção renal e gangrena dos membros inferiores.
Distonia Movimentos anormais envolvendo rigidez muscular.
Síndrome de Leigh Perda progressiva da habilidade motora e verbal, é potencialmente letal na infância.
Atrofia óptica de Leber Perda temporária ou permanente da visão em decorrência de danos ao nervo óptico.


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Histologia - Tipos de Tecidos

A histologia (do grego: hydton = tecido + logos = estudos) é a ciência que estuda os tecidos biológicos, desde a sua formação (origem), estrutura (tipos diferenciados de células) e funcionamento.

Mas o que é tecido?

O corpo de um organismo multicelular é constituído por diferentes tipos de células, especializadas em realizar diversas funções. As células com determinado tipo de especialização organizam-se em grupos, constituindo os tecidos. Alguns tecidos são formados por células que possuem a mesma estrutura; outros são formados por células que têm diferentes formas e funções, mas que juntas colaboram na realização de uma função geral maior.
  

A diferenciação dos tecidos e a conquista do ambiente terrestre


Dentre as diversas adaptações que favoreceram a conquista do meio terrestre pelos vertebrados destacam-se um eficiente revestimento corporal impermeabilizado, um adequado sistema esquelético de suporte do organismo e de seus órgãos e um hábil mecanismo que permite a movimentação do organismo pelo meio. No homem, essas três tarefas são desempenhadas, na ordem, pela pele, pelo conjuntivo de ossos do sistema esquelético e pelos inúmeros músculos componentes do sistema muscular. Ossos e músculos constituem o sistema locomotor.

Como são formados os tecidos?


Todos os tecidos presentes nos vertebrados adultos são formados a partir de três tipos de folhetos germinativos: endoderma, ectoderma e mesoderma. Cada um desses, durante o desenvolvimento embrionário, é responsável por uma genealogia de células especializadas quanto à forma e função. 



Os destinos finais (organogênese) desses folhetos germinativos, na formação dos tecidos e órgão humanos, são os seguintes. 

Ectoderma

  • Epiderme e anexos cutâneos (pêlos e glândulas mucosas);
  • Todas as estruturas do sistema nervoso (encéfalo, nervos, gânglios nervosos e medula espinhal);
  • Epitélio de revestimento das cavidades nasais, bucal e anal.

Mesoderma

  • Forma a camada interna da pele (derme);
  • Músculos lisos e esqueléticos;
  • Sistema circulatório (coração, vasos sanguíneos, tecido linfático, tecido conjuntivo);
  • Sistema esquelético (ossos e cartilagem);
  • Sistema excretor e reprodutor (órgãos genitais, rins, uretra, bexiga e gônadas).

Endoderma

  • Epitélio de revestimento e glândulas do trato digestivo, com exceção da cavidade oral e anal;
  • Sistema respiratório (pulmão);
  • Fígado e pâncreas.

 

Tipos de Tecidos


Nos animais vertebrados há quatro grandes grupos de tecidos: o muscular, o nervoso, o conjuntivo (abrangendo também os tecidos ósseo, cartilaginoso e sanguíneo) e o epitelial, constituindo subtipos específicos que irão formar os órgãos e sistemas corporais.
Por exemplo: O sangue é considerado um tecido conjuntivo, com diversificadas células (as hemácias, os leucócitos e as plaquetas) e o plasma (água, sais minerais e diversas proteínas).
Nos invertebrados estes tipos de tecido são basicamente os mesmos, porém com organizações mais simples. A maioria dos tecidos além de serem compostos de células, apresentam entre elas substâncias intracelulares (intersticiais).

 

Especificação dos tecidos básicos

 

Epitélio → revestimento da superfície externa do corpo (pele), os órgãos (fígado, pulmão e rins) e as cavidades corporais internas; 

Conjuntivo → constituído por células e abundante matriz extracelulas, com função de preenchimento, sustentação e transporte de substâncias; 

Muscular → constituído por células com propriedades contráteis; 

Nervoso → formado por células que constituem o sistema nervoso central e periférico (o cérebro, a medula espinhal e os nervos). 

Tecido epitelial


A superfície externa do corpo e as cavidades corporais internas dos animais são revestidas por este tecido. 

O tecido epitelial desempenha várias funções no organismo, como proteção do corpo (pele), absorção de substâncias úteis (epitélio do intestino) e percepção de sensações (pele), dependendo do órgão aonde se localizam. 

Os tecidos epiteliais ou epitélios têm células perfeitamente justapostas, unidas por pequena quantidade de material cimentante, com pouquíssimo espaço intercelular. Os epitélios não são vascularizados e não sangram quando feridos. A nutrição das células se faz por difusão a partir dos capilares existentes em outro tecido, o conjuntivo, adjacente ao epitélio a ele ligado. O arranjo das células epiteliais pode ser comparado ao de ladrilhos ou tijolos bem encaixados.


Os epitélios podem ser classificados quanto ao número de células:
  • Quando os epitélios são formados por uma só camada de células, são chamados de epitélios simples ou uniestratificados (do latim uni, um, e stratum, camada).
  • Já os epitélios formados por mais de uma camada de células são chamados estratificados.
  • Existem ainda epitélios que, apesar de formados por uma única camada celular, têm células de diferentes alturas, o que dá a impressão de serem estratificados. Por isso, eles costumam ser denominados pseudo-estratificados.
Quanto à forma das células, os epitélios podem ser classificados em:
  • Pavimentosos, quando as células são achatadas como ladrilhos;
  • Cúbicos, quando as células tem forma de cubo, ou
  • Prismáticos, quando as células são alongadas , em forma de coluna.
No epitélio que reveste a bexiga, a forma das células é originalmente cúbica, mas elas se tornam achatadas quando submetidas ao estiramento causado pela dilatação do órgão. Por isso, esse tipo de epitélio é de denominado, por alguns autores, epitélio de transição.
Os tecidos epiteliais, também chamados epitélios, são classificados em dois tipos principais: epitélios de revestimento e epitélios glandulares.

Epitélios de revestimento


Funciona como uma membrana que isola o organismo, ou parte dele, do meio externo. 

Está relacionado ao revestimento e proteção de superfícies externas (por exemplo, na pele) e internas (por exemplo, no estômago). Atua, também, na absorção de substâncias, na secreção de diversos produtos, na remoção de impurezas e pode conter vários tipos de receptores sensoriais (notadamente na pele).

Pele: Órgão de contato


Nos vertebrados, a pele é importante órgão de contato com o meio. A conquista do ambiente terrestre pelos vertebrados tornou-se possível, entre outras coisas, a partir do isolamento e proteção do corpo e de mecanismos de relação do ser vivo com o meio. 

O tato, a visão, a olfação, a gustação e a audição são úteis no relacionamento do animal com o ambiente. A pele, órgão responsável pelas sensações táteis, apresenta diferentes tipos de “sensores”, que registram e informam ao ser vivo variações de temperatura (calor ou frio) e pressão (toques, choques, pancadas). A pele é, ainda, importante órgão de defesa contra diversos tipos de agentes infecciosos.

 Tecido Epitelial de Revestimento Pluriestratificado Pavimentoso Queratinizado. Microscopia óptica. (E) Epiderme, (D) Derme, (SC) Células queratinizadas e cera. 

Considerando o corpo inteiro, a pele de uma pessoa chega a pesar 5 Kg e tem uma área total de 18 m2. É, portanto o maior órgão do nosso corpo. 

A histologia da pele

Nos mamíferos, a pele é órgão composto por duas camadas: epiderme e derme.

A epiderme é um tecido epitelial pluriestratificado. É formada por estratos (ou camadas), dos quais destacam-se o estrato basal (também chamado de estrato germinativo), que fica apoiado na derme e é formado por células de aspecto cúbico. Nessa camada é intensa a atividade de divisão celular mitótica, que repõe constantemente as células perdidas no desgaste diário a que a superfície desse tecido está sujeito. À medida que novas células são formadas, elas vão sendo “empurradas” para formar as demais células, até ficarem expostas na superfície da pele. 

A derme é uma camada formada por tecido conjuntivo do tipo denso, cujas fibras ficam orientadas em diversas direções. Vários tipos de células são encontrados, destacando-se os fibroblastos e os macrófagos. Nervos, terminações nervosas, diferentes tipos de corpúsculos sensoriais e uma ampla rede de capilares sanguíneos cruzam a derme em várias direções. Ela é um importante tecido de manutenção e de apoio. Os nutrientes existentes no sangue difundem-se para as células epidérmicas. 

Nos mamíferos, a derme é atravessada por finas faixas de células musculares, os músculos eretores dos pêlos, cuja contração é involuntária e permite aumentar a camada de ar retirada entre os pêlos, que contribui para o isolamento térmico. Mecanismo semelhante ocorre nas aves, com as penas. 

Abaixo da derme, há uma camada de tecido conjuntivo frouxo, o tecido celular subcutâneo (também conhecido como tela subcutânea e hipoderme), que não faz parte da pele, mas estabelece a sua ligação com as estruturas adjacentes, permitindo o seu deslizamento. Em determinadas regiões do corpo, a hipoderme contém um número variável de camadas de células adiposas, formando o panículo adiposo (o popular “toucinho de porco”), importante como reserva de energia, isolante térmico e facilitador da flutuação na água. 

Sensores da pele

Diversos tipos de estruturas sensoriais conferem à pele a função de relacionamento com o meio ambiente. 

Distribuído por toda a pele, são basicamente dendritos de neurônios sensoriais (terminações nervosas livres), sendo que alguns são envoltos por uma cápsula de células conjuntivas ou epiteliais e, por isso, esses receptores são capsulados.

 

Anexos da Pele

Três estruturas da pele, derivadas da epiderme, são extremamente importantes na adaptação dos mamíferos ao meio terrestre: pêlos, que auxiliam no isolamento térmico; glândulas sudoríparas, que desempenham o papel importante na regulação da temperatura corpórea; e glândulas sebáceas, que lubrificam a pele e estruturas anexas. 

 A pele é um tipo de tecido epitelial chamado epitélio de revestimento. Os tecidos epiteliais de revestimento são também encontrados revestindo as cavidades corporais internas dos animais.

Epitélio de revestimento intestinal


O tecido que reveste internamente o intestino delgado é um bom exemplo de epitélio especializado em absorver nutrientes e permitir que eles passem da cavidade intestinal para o sangue. 

A alta capacidade de absorção do epitélio intestinal se deve ao fato de suas células possuírem, na membrana a borda livre (isto é, a borda voltada para a cavidade intestinal), muitas projeções finas e alongadas, que lembrem dedos de uma luva, chamadas microvilosidades.


Cálculos da área de membrana que constitui as microvilosidades mostram que elas aumentam quinhentas vezes a área superficial de cada célula, em comparação com a área de células que têm a borda lisa. O mesmo tipo de cálculo nos leva a concluir que o intestino delgado humano apresenta uma superfície de absorção de mais de 300 m2, equivalente à área de uma quadra de esportes de 20 m de comprimento por 15 m de lado.

A renovação das células epiteliais


A mitose é um processo frequente nas células epiteliais, as quais têm vida curta e precisam ser constantemente renovadas. A velocidade dessa renovação varia de epitélio para epitélio. As células que se renovam mais rapidamente são do epitélio intestinal: num prazo de 2 a 5 dias são substituídas por células novas. As que se renovam mais lentamente são as células do pâncreas que demoram 50 dias para serem substituídas.


 Na pele, a renovação da epiderme ocorre em média a cada 30 dias. No couro cabeludo, pode ocorrer uma disfunção em que a descamação de parte da epiderme acontece a cada 3 ou 4 dias, formando as caspas.

Especialização das células epiteliais


As células dos tecidos epiteliais mantêm-se aderidas umas às outras por meio de estruturas especializadas, genericamente chamadas junções celulares.

Observe essas junções na figura abaixo.

Desmossomos


Uma das mais importantes junções celulares é o desmossomo (do grego desmos, ligação, e somatos, corpo). Um desmossomo pode ser comparado a um botão de pressão constituído por duas metades que se encaixam, estando uma metade localizada na membrana de uma das células e a outra na célula vizinha.


Em cada célula existe uma placa circular de proteína, situada bem junto à membrana. Das placas partem substâncias colantes, chamadas desmogleínas, que atravessam as membranas e grudam as células na região de contato. As placas também estão ligadas a um grande número de filamentos constituídos da proteína queratina.




Zona de oclusão


Outro tipo de junção celular presente em muitos epitélios é a zona de oclusão, uma espécie de cinturão adesivo situado junto a borda livre das células epiteliais. 

A zona de oclusão mantém as células vizinhas tão encostadas que impede a passagem de moléculas entre elas. Assim, substâncias eventualmente presentes em uma cavidade revestida por tecido epitelial não podem penetrar no corpo, a não ser atravessando diretamente as células.


Lâmina basal e hemidesmossomos


Sob um tecido epitelial há sempre uma espécie de tapete de moléculas de proteínas ao qual as células se ligam: a lâmina basal. As bases das células epiteliais ficam aderidas a lâmina basal por meio de estruturas celulares especiais, denominadas hemidesmossomos. Estes lembram desmossomos, mas possuem estrutura e função diferentes, conectando as bases das células epiteliais à lamina basal, em vez de ligarem as membranas de células vizinhas, como fazem os desmossomos.

Tecido epitelial glandular


As células do tecido epitelial glandular produzem substâncias chamadas secreções, que podem ser utilizadas e outras partes do corpo ou eliminadas do organismo. Essas secreções podem ser:
  • mucosas, quando espessas e ricas em muco, Ex. glândulas salivares
  • serosas, quando fluidas, aquosas, claras e ricas e proteínas. Ex. glândulas secretoras do pâncreas
  • Podem também ser mistas, quando ocorrem secreções mucosas e serosas juntas. Ex. Glândulas salivares parótidas.
As glândulas podem ser unicelulares, como a glândula caliciforme (que ocorre por exemplo, no epitélio da traqueia), ou multicelulares, como a maioria das glândulas.

 Em amarelo glândulas caliciformes do intestino. 

 Em verde a parte secretora de glândulas multicelulares exócrina e endócrina, respectivamente.

As glândulas multicelulares originam-se sempre dos epitélios de revestimento, por proliferação de suas células para o interior do tecido conjuntivo subjacente e posterior diferenciação.

Três tipos de glândulas multicelulares


Glândulas exócrinas: apresentam a porção secretora associada a dutos que lançam suas secreções para fora do corpo (como as glândulas sudoríparas, lacrimais, mamárias e sebáceas) ou para o interior de cavidades do corpo (como as glândulas salivares);


Glândulas endócrinas: não apresentam dutos associados à porção secretora. As secreções são denominadas hormônios e lançadas diretamente nos vasos sanguíneos e linfáticos. Exemplos, hipófise, glândulas da tireoide, glândulas paratireódeas e glândulas adrenais;


Glândulas mistas: apresentam regiões endócrinas e exócrinas ao mesmo tempo. É o caso do pâncreas, cuja porção exócrina secreta enzimas digestivas que são lançadas no duodeno, enquanto a porção endócrina é responsável pela secreção dos hormônios insulina e glucagon. Esses hormônios atuam, respectivamente, na redução e no aumento dos níveis de glicose no sangue.


 

Tecido conjuntivo


Os tecidos conjuntivos têm origem mesodérmica. 

Caracterizam-se morfologicamente por apresentarem diversos tipos de células imersas em grande quantidade de material extracelular, substância amorfa ou matriz, que é sintetizado pelas próprias células do tecido. 

A matriz é uma massa amorfa, de aspecto gelatinoso e transparente. É constituída principalmente por água e glicoproteínas e uma parte fibrosa, de natureza protéica, as fibras do conjuntivo.
As células conjuntivas são de diversos tipos. As principais são apresentadas a seguir.

Fibroblasto


Célula metabolicamente ativa, contendo longos e finos prolongamentos citoplasmáticos. Sintetiza o colágeno e as substãncias da matriz (substância intercelular).



Macrófago


Célula ovoide, podendo conter longos prolongamentos citoplasmáticos e inúmeros lisossomos. Responsável pela fagocitose e pinocitose de pertículas estranhas ou não ao organismo. Remove restos celulares e promove o primeiro combate aos microrganismos invasores do nosso organismo. Ativo no processo de involução fisiológica de alguns órgãos ou estrutura. É o caso do útero que, após o parto, sofre uma redução de volume. 

Mastócito


Célula globosa, grande, sem prolongamentos e repleta de grânulos que dificultam, pela sua quantidade, a visualização do núcleo. Os grânulos são constituídos de heparina (substãncia anticoagulante) e histamina (substãncia envolvida nos processos de alergia). Esta última substãncia é liberada em ocasiões de penetração de certos antígenos no organismo e seu contato com os mastócitos, desencadeando a consequênte reação alérgica. 

 

Plasmócito


Célula ovoide, rica em retículo endoplasmático rugoso (ou granular). Pouco numeroso no conjunto normal, mas abundante em locais sujeitos à penetração de bactérias, como intestino, pele e locais em que existem infecções crônicas. Produtor de todos os anticorpos no combate a microorganismos. É originado no tecido conjuntivo a partir da diferenciação de células conhecidas como linfócitos B. 


Os diferentes tipos de tecido conjuntivo estão amplamente distribuídos pelo corpo, podendo desempenhar funções de preenchimento de espaços entre órgãos, função de sustentação, função de defesa e função de nutrição.

A classificação desses tecidos baseia-se na composição de suas células e na proporção relativa entre os elementos da matriz extracelular. Os principais tipos de tecidos conjuntivos são: frouxo, denso, adiposo, reticular ou hematopoiético, cartilaginoso e ósseo.

Tecido conjuntivo frouxo


O tecido conjuntivo frouxo preenche espaços não ocupados por outros tecidos, apoia e nutre células epiteliais, envolve nervos, músculos e vasos sanguíneos linfáticos. 

Além disso, faz parte da estrutura de muitos órgãos e desempenha importante papel em processos de cicatrização.

É o tecido de maior distribuição no corpo humano. Sua substância fundamental é viscosa e muito hidratada. Essa viscosidade representa, de certa forma, uma barreira contra a penetração de elementos estranhos no tecido. É constituído por três componentes principais: células de vários tipos, três tipos de fibras e matriz.

Tipos de fibras


As fibras presentes no tecido conjuntivo frouxo são de três tipos: colágenas, elásticas e reticulares.

As fibras colágenas são constituídas de colágeno, talvez a proteína mais abundante no reino animal. São grossas e resistentes, distendendo-se pouco quando tensionadas. As fibras colágenas presentes na derme conferem resistência a nossa pele, evitando que elase rasgue, quando esticada.

  

 As fibras elásticas são longos fios de uma proteína chamada elastina. Elas conferem elasticidade ao tecido conjuntivo frouxo, completando a resistência das fibras colágenas. Quando você puxa e solta à pele da parte de cima da mão, são as fibras elásticas que rapidamente devolvem à pele sua forma original. A perda da elasticidade da pele, que ocorre com o envelhecimento, deve-se ao fato de as fibras colágenas irem, com a idade, se unindo umas às outras, tornando o tecido conjuntivo mais rígido.

As fibras reticulares são ramificadas e formam um trançado firme que liga o tecido conjuntivo aos tecidos vizinhos.


Tipos de células


O tecido conjuntivo frouxo contém dois principais de células: fibroblastos e macrófagos.

Os fibroblastos têm forma estrelada núcleo grande. São eles que fabricam e secretam as proteínas que constituem as fibras e a substância amorfa. 

Os macrófagos são grandes e ameboides, deslocando-se continuamente entre as fibras à procura de bactérias e restos de células. Sua função é limpar o tecido, fagocitando agentes infecciosos que penetram no corpo e, também, restos de células mortas. Os macrófagos, alem disso identificam substâncias potencialmente perigosas ao organismo, alertando o sistema de defesa do corpo.


Outros tipos celulares presentes no tecido conjuntivo frouxo são as células mesenquimatosas e os plasmócitos. As células mesenquimatosas são dotadas de alta capacidade de multiplicação e permitem a regeneração do tecido conjuntivo, pois dão origem a qualquer tipo de célula nele presente. Os plasmócitos são células especializadas em produzir os anticorpos que combatem substâncias estranhas que penetram no tecido.

Tecido conjuntivo denso

No tecido conjuntivo denso há predomínio de fibroblastos e fibras colágenas. 

Dependendo do modo de organização dessas fibras, esse tecido pode ser classificado de diferentes formas, como veremos a seguir.


Classificações:
  • não modelado: formado por fibras colágenas entrelaçadas, dispostas em feixes que não apresentam orientação fixa, o que confere resistência e elasticidade. Esse tecido forma as cápsulas envoltórias de diversos órgãos internos, e forma também um a derme, tecido conjuntivo da pele;

modelado: formado por fibras colágenas dispostas em feixes com orientação fixa, dando ao tecido características de maior resistência à tensão do que a dos tecidos não-modelados e frouxo; ocorre nos tendões, que ligam os músculos aos ossos, e nos ligamentos, que ligam os ossos entre si.

 

Tecido conjuntivo adiposo


Nesse tecido a substância intracelular é reduzida, e as células, ricas em lipídios, são denominadas células adiposas. 

Ocorre principalmente sob a pele, exercendo funções de reserva de energia, proteção contra choques mecânicos e isolamento térmico. Ocorre também ao redor de alguns órgãos como os rins e o coração. 


As células adiposas possuem um grande vacúolo central de gordura, que aumenta ou diminui, dependendo do metabolismo: se uma pessoa come pouco ou gasta muita energia, a gordura das células adiposas diminui; caso contrário, ela se acumula. O tecido adiposo atua como reserva de energia para momentos de necessidade.




Tecido conjuntivo cartilaginoso

O tecido cartilaginoso, ou simplesmente cartilagem, apresentam consistência firme, mas não é rígido como o tecido ósseo. 

Tem função de sustentação, reveste superfícies articulares facilitando os movimentos e é fundamental para o crescimento dos ossos longos. 

Nas cartilagens não há nervos nem vasos sanguíneos. A nutrição das células desse tecido é realizada por meio dos vasos sanguíneos do tecido conjuntivo adjacente. 

A cartilagem é encontrada no nariz, nos anéis da traqueia e dos brônquios, na orelha externa (pavilhão auditivo), na epiglote e em algumas partes da laringe. Além disso, existem discos cartilaginosos entre as vértebras, que amortecem o impacto dos movimentos sobre a coluna vertebral. No feto, o tecido cartilaginoso é muito abundante, pois o esqueleto é inicialmente formado por esse tecido, que depois é em grande parte substituído pelo tecido ósseo. 

O tecido cartilaginoso forma o esqueleto de alguns animais vertebrados, como os cações, tubarões e raias, que são, por isso, chamados de peixes cartilaginosos. 

Há dois tipos de células nas cartilagens: os condroblastos (do grego chondros, cartilagem, e blastos, “célula jovem”), que produzem as fibras colágenas e a matriz, com consistência de borracha. Após a formação da cartilagem, a atividade dos condroblastos diminui e eles sofrem uma pequena retração de volume, quando passam a ser chamados de condrócitos (do grego chondros, cartilagem, e kytos, célula). Cada condrócito fica encerrado no interior de uma lacuna ligeiramente maior do que ele, moldada durante a deposição da matriz intercelular. 

As fibras presentes nesse tecido são as colágenas e as reticulares. 

Legenda:
  1. Condroblasto
  2. Condrócito
  3. Grupo Isógeno
  4. Matriz Cartilaginosa

Tecido conjuntivo sanguíneo


O sangue (originado pelo tecido hemocitopoiético) é um tecido altamente especializado, formado por alguns tipos de células, que compõem a parte figurada, dispersas num meio líquido – o plasma -, que corresponde à parte amorfa. Os constituintes celulares são: glóbulos vermelhos (também denominados hemácias ou eritrócitos); glóbulos brancos (também chamados de leucócitos).

O plasma é composto principalmente de água com diversas substâncias dissolvidas, que são transportadas através dos vasos do corpo.


Todas as células do sangue são originadas na medula óssea vermelha a partir das células indiferenciadas pluripotentes (células-tronco). Como consequência do processo de diferenciação celular, as células-filhas indiferenciadas assumem formas e funções especializadas. 

Plaquetas

Plaquetas são restos celulares originados da fragmentação de células gigantes da medula óssea, conhecidas como megacariócitos. Possuem substâncias ativas no processo de coagulação sanguínea, sendo, por isso, também conhecidas como trombócitos (do grego, thrombos = coágulo), que impedem a ocorrência de hemorragias.

Glóbulos vermelhos

Glóbulos vermelhos, hemácias ou eritrócitos (do grego, eruthrós = vermelho, e kútos = célula) são anucleados, possuem aspecto de disco bicôncavo e diâmetro de cerca de 7,2 m m. São ricos em hemoglobina, a proteína responsável pelo transporte de oxigênio, a importante função desempenhada pelas hemácias. 

Glóbulos brancos

Glóbulos brancos, também chamados de leucócitos (do grego, leukós = branco), são células sanguíneas envolvidas com a defesa do organismo. 

Essa atividade pode ser exercida por fagocitose ou por meio da produção de proteínas de defesa, os anticorpos. 

Costuma-se classificar os glóbulos brancos de acordo com a presença ou ausência, em seu citoplasma, de grânulos específicos e agranulócitos, os que não contêm granulações específicas, comuns a qualquer célula. 

Tecido conjuntivo ósseo


O tecido ósseo tem a função de sustentação e ocorre nos ossos do esqueleto dos vertebrados. 

É um tecido rígido graças à presença de matriz rica em sais de cálcio, fósforo e magnésio. Além desses elementos, a matriz é rica em fibras colágenas, que fornecem certa flexibilidade ao osso. 

Os ossos são órgãos ricos em vasos sanguíneos. Além do tecido ósseo, apresentam outros tipos de tecido: reticular, adiposo, nervoso e cartilaginoso. 

Por serem um estrutura inervada e irrigada, os ossos apresentam sensibilidade, alto metabolismo e capacidade de regeneração. 

Quando um osso é serrado, percebe-se que ele é formado por duas partes: uma sem cavidades, chamada osso compacto, e outra com muitas cavidades que se comunicam, chamada osso esponjoso.


Essa classificação é de ordem macroscópica, pois quando essas partes são observadas no microscópio nota-se que ambas são formadas pela mesma estrutura histológica. A estrutura microscópica de um osso consiste de inúmeras unidades, chamadas sistemas de Havers. Cada sistema apresenta camadas concêntricas de matriz mineralizada, depositadas ao redor de um canal central onde existem vasos sanguíneos e nervos que servem o osso. 

Os canais de Havers comunicam-se entre si, com a cavidade medular e com a superfície externa do osso por meio de canais transversais ou oblíquos, chamados canais perfurantes (canais de Volkmann). O interior dos ossos é preenchido pela medula óssea, que pode ser de dois tipos: amarela, constituída por tecido adiposo, e vermelha, formadora de células do sangue.




Tipos de células do osso

As células ósseas ficam localizadas em pequenas cavidades existentes nas camadas concêntricas de matriz mineralizada. 

Quando jovens, elas são chamadas osteoblastos (do grego osteon, osso, e blastos, “célula jovem”) e apresentam longas projeções citoplasmáticas, que tocam os osteoblastos vizinhos. Ao secretarem a matriz intercelular ao seu redor, os osteoblastos ficam presos dentro de pequenas câmeras, das quais partem canais que contêm as projeções citoplasmáticas. 

Quando a célula óssea se torna madura, transforma-se em osteócito (do grego osteon, osso, e kyton, célula), e seus prolongamentos citoplasmáticos se retraem, de forma que ela passa a ocupar apenas a lacuna central. Os canalículos onde ficavam os prolongamentos servem de comunicação entre uma lacuna e outra, e é através deles que as substâncias nutritivas e o gás oxigênio provenientes do sangue até as células ósseas.

 Além dos osteoblastos e dos osteócitos, existem outras células importantes no tecido ósseo: os osteoclástos (do grego klastos, quebrar, destruir). Essas células são especialmente ativas na destruição de áreas lesadas ou envelhecidas do osso, abrindo caminho para a regeneração do tecido pelos osteoblastos. Os cientistas acreditam que os ossos estejam em contínua remodelação, pela atividade conjunta de destruição e reconstrução empreendidas, respectivamente, pelos osteoclastos e osteoblastos. Você encontrará mais informações sobre os osteoclastos no texto sobre remodelação óssea. 

A formação do tecido ósseo

A ossificação - formação de tecido ósseo - pode se dar por dois processos: ossificação intramenbranosa e ossificação endocondral

No primeiro caso, o tecido ósseo surge aos poucos em uma membrana de natureza conjuntiva, não cartilaginosa. 

Na ossificação endocondral, uma peça de cartilagem, com formato de osso, serve de molde para a confecção de tecido ósseo. Nesse caso, a cartilagem é gradualmente destruída e substituída por tecido ósseo.


 

Crescimento nos ossos longos

A ossificação endocondral ocorre na formação de ossos longos, como os das pernas e os dos braços. 

Nesses ossos, duas regiões principais sofrerão a ossificação: o cilindro longo, conhecido como diáfise e as extremidades dilatadas, que correspondem as epífises. 

Entre a epífise de cada extremidade e a diáfise é mantida uma região de cartilagem, conhecida como cartilagem de crescimento, que possibilitará a ocorrência constante de ossificação endocondral, levando à formação de mais osso. Nesse processo, os osteoclastos desempenham papel importante. Eles efetuam constantemente a reabsorção de tecido ósseo, enquanto novo tecido ósseo é formado.

Os osteoclastos atuam como verdadeiros demolidores de osso, enquanto os osteoblastos exercem papel de construtores de mais osso. Nesse sentido, o processo de crescimento de um osso depende da ação conjunta de reabsorção de osso preexistente e da deposição de novo tecido ósseo. Considerando, por exemplo, o aumento de diâmentro de um osso longo, é preciso efetuar a reabsorção de camada interna da parede óssea, enquanto na parede externa deve ocorrer deposição de mais osso. 

O crescimento ocorre até que se atinja determinada idade, a partir da qual a cartilagem de crescimento também sofre ossificação e o crescimento do osso em comprimento cessa. 

Remodelação óssea

Depois que o osso atinge seu tamanho e forma adultos, o tecido ósseo antigo é constantemente destruído e um novo tecido é formado em seu lugar, em um processo conhecido como remodelação. 

A remodelação ocorre em diferentes velocidades nas várias partes do corpo. Por exemplo, a porção distal do fêmur é substituída a cada 4 meses; já os ossos da mão são completamente substituídos durante a vida inteira do indivíduo. A remodelação permite que os tecidos já gastos ou que tenham sofrido lesões sejam trocados por tecidos novos e sadios. Ela também permite que o osso sirva como reserva de cálcio para o corpo. 

Em um adulto saudável, uma delicada homeostase (equilíbrio) é mantida entre a ação dos osteoclastos (reabsorção) durante a remoção de cálcio e a dos osteoblastos (aposição) durante a deposição de cálcio. Se muito cálcio for depositado, podem se formar calos ósseos ou esporas, causando interferências nos movimentos. Se muito cálcio for retirado, há o enfraquecimento dos ossos, tornando-os flexíveis e sujeitos a fraturas.



O crescimento e a remodelação normais dependem de vários fatores 

 

  • suficientes quantidades de cálcio e fósforo devem estar presentes na dieta alimentar do indivíduo;
  • deve-se obter suficiente quantidade de vitaminas, principalmente vitamina D, que participa na absorção do cálcio ingerido;
  • o corpo precisa produzir os hormônios responsáveis pela atividade do tecido ósseo:

- Hormônio de crescimento (somatotrofina): secretado pela hipófise, é responsável pelo crescimento dos ossos;

- Calcitonina: produzida pela tireoide, inibe a atividade osteoclástica e acelera a absorção de cálcio pelos ossos;

- Paratormônio: sintetizado pelas paratireoides, aumenta a atividade e o número de osteoclastos, elevando a taxa de cálcio na corrente sanguínea;

- Hormônios sexuais: também estão envolvidos nesse processo, ajudando na atividade osteoblástica e promovendo o crescimento de novo tecido ósseo.

Com o envelhecimento, o sistema esquelético sofre a perda de cálcio. Ela começa geralmente aos 40 anos nas mulheres e continua até que 30% do cálcio nos ossos seja perdido, por volta dos 70 anos. Nos homens, a perda não ocorre antes dos 60 anos. Essa condição é conhecida como osteoporose

Outro efeito do envelhecimento é a redução da síntese de proteínas, o que diminui a produção da parte orgânica da matriz óssea. Como consequência, há um acúmulo de parte inorgânica da matriz. Em alguns indivíduos idosos, esse processo causa uma fragilização dos ossos, que se tornam mais susceptíveis a fraturas. 

O uso de aparelhos ortodônticos é um exemplo de remodelação dos ossos, neste caso, resultando na remodelação da arcada dentária. 

Os aparelhos exercem forças diferentes daquelas a que os dentes estão naturalmente submetidos. Nos pontos em que há pressão ocorre reabsorção óssea, enquanto no lado oposta há deposição de matriz. Assim, os dentes movem-se pelos ossos da arcada dentária e passam a ocupar a posição desejada.


Tecidos musculares

Os tecidos musculares são de origem mesodérmica e relacionam-se com a locomoção e outros movimentos do corpo, como a contração dos órgãos do tubo digestório, do coração e das artérias. 

As células dos tecidos musculares são alongadas e recebem o nome de fibras musculares ou miócitos. Em seu citoplasma, são ricas em dois tipos de filamento protéico: os de actina e os de miosina, responsáveis pela grande capacidade de contração e distensão dessas células. 

Quando um músculo é estimulado a se contrair, os filamentos de actina deslizam entre os filamentos de miosina. A célula diminui em tamanho, caracterizando a contração. 

Tipos de tecido muscular

Há três tipos de tecido muscular: estriado esquelético, estriado cardíaco e liso. Cada um deles tem características próprias, adequadas ao papel que desempenham no organismo. 


Tecido muscular estriado esquelético

O tecido muscular estriado esquelético constitui a maior parte da musculatura do corpo dos vertebrados, formando o que se chama popularmente de carne. 

Essa musculatura recobre totalmente o esqueleto e está presa aos ossos, daí ser chamada de esquelética. Esse tipo de tecido apresenta contração voluntária (que depende da vontade do indivíduo). 

Um músculo esquelético é um pacote de longas fibras. Cada uma delas é uma célula dotada de muitos núcleos, chamado miócitos multinucleados. Um fibra muscular pode medir vários centímetros de comprimento, por 50 mm de espessura.



A célula muscular estriada apresenta, no seu citoplasma, pacotes de finíssimas fibras contráteis, as miofibrilas, dispostas longitudinalmente. Cada miofibrila corresponde a um conjunto de dois tipos principais de proteínas: as miosina, espessas, e as actinas, finas. Esses proteínas estão organizados de tal modo que originam bandas transversais, claras e escuras, características das células musculares estriadas, tanto as esqueléticas como as cardíacas.  








Os filamentos de miosina formam bandas escuras, chamadas anisotrópicas (banda A), e os de actina, bandas claras, chamadas isotrópicas (banda I).
No centro de cada banda I aparece uma linha mais escura, chamada linha Z. O intervalo entre duas linhas Z consecutivas constitui um miômetro ou sarcômero e correspondem à unidade contrátil da célula muscular.
No centro de cada banda A existe uma faixa mais clara, chamada banda H, bem visível nas células musculares relaxadas e que vai desaparecendo à medida que a contração muscular ocorre.


Na contração muscular, os miofilamentos não diminuem de tamanho, mas os sarcômeros ficam mais curtos e toda a célula muscular se contrai. 

O encurtamento dos sarcômeros ocorre em função do deslizamento dos miofilamentos finos sobre os grosso, havendo maior sobreposição entre eles: a banda I diminui de tamanho, pois os filamentos de actina deslizam sobre os de miosina, penetram na banda A e reduzem a largura da banda H. 

A membrana plasmática da célula muscular estriada esquelética costuma ser chamada sarcolema (do grego, sarcos, carne).

Na contração muscular, os miofilamentos não diminuem de tamanho, mas os sarcômeros ficam mais curtos e toda a célula muscular se contrai. 

O encurtamento dos sarcômeros ocorre em função do deslizamento dos miofilamentos finos sobre os grosso, havendo maior sobreposição entre eles: a banda I diminui de tamanho, pois os filamentos de actina deslizam sobre os de miosina, penetram na banda A e reduzem a largura da banda H. 

A membrana plasmática da célula muscular estriada esquelética costuma ser chamada sarcolema (do grego, sarcos, carne). 

Tecido muscular estriado cardíaco

Apresenta miócitos estriados com um ou dois núcleos centrais. Esse tecido ocorre apenas no coração e apresenta contração independente da vontade do indivíduo (contração involuntária).
No músculo cardíaco essa contração é vigorosa e rítmica.

Essas células musculares são menores e ramificadas, intimamente unidas entre si por estruturas especializadas e típicas da musculatura cardíaca: os discos intercalares, que fazem a conexão elétrica entre todas as células do coração. Assim, se uma célula receber um estímulo suficientemente forte, ele é transmitido a todas as outras células e o coração como um todo se contrai. 

Essa transmissão do estímulo é feita por canais de passagem de água e íons entre as células, que facilita a difusão do sinal iônico entre uma célula e outra, determinando a onda rítmica de contração das células. Os discos intercalares possuem estruturas de adesão entre células que as mantêm unidas mesmo durante o vigoroso processo de contração da musculatura cardíaca. 




As células musculares cardíacas são capazes de auto-estimulação, não dependendo de um estímulo nervoso para iniciar a contração. As contrações rítmicas do coração são geradas e conduzidas por uma rede de células musculares cardíacas modificadas que se localizam logo abaixo do endocárdio, tecido que reveste internamente o coração. 

Existem numerosas terminações nervosas no coração, mas o sistema nervoso atua apenas regulando o ritmo cardíaco às necessidades do organismo. 

Tecido muscular liso ou não-estriado

As células musculares lisas não apresentam estriação transversal, característica das células musculares esqueléticas e cardíacas. 

A razão disso é que os filamentos de actina e miosina não se encontram alinhados ao longo do comprimento da célula. Acredita-se que eles estejam arranjados em espiral dentro da fibra muscular lisa.




 Os miócitos se apresentam uninucleados e fusiformes, isto é, alongadas e coam as extremidades afiladas. Nessas células a contração é involuntária e lenta. Você pode decidir quando lavar as suas mãos, mas não controla conscientemente os movimentos de seu estômago ou a contração de seu coração. Ocorre nas artérias, sendo responsável por sua contração; ocorre também no esôfago, no estômago e nos intestinos, sendo responsável pelo peristaltismo (ou peristalse) nesses órgãos. Os movimentos peristálticos são contrações em ondas que deslocam o material alimentar dentro desses órgãos do sistema digestório. 


Tecido nervoso

Os seres vivos reagem aos estímulos ambientais. Mudanças nas condições do ambiente, tais como sons, choques, calor e frio, são percebidas pelo organismo, que reage adotando uma postura correspondente ao estímulo. 

Embora sejam os músculos que respondem aos estímulos, é o tecido nervoso o responsável por sua recepção e escolha da resposta adequada. 

O tecido nervoso tem origem ectodérmica, nele a substância intercelular praticamente não existe. Os principais componentes celulares são os neurônios e as células da glia

As células da glia ou neuroglia são vários tipos celulares relacionados com a sustentação e a nutrição dos neurônios, com a produção de mielina e com a fagocitose

Os neurônios, ou células nervosas, têm a propriedade de receber e transmitir estímulos nervosos, permitindo ao organismo responder a alteração do meio. Os neurônios são alongados, podendo atingir, em alguns casos, cerca de 1 metro de comprimento, como nos neurônios que se estendem desde nossas costas até o pé. São células formadas por um corpo celular ou pericário, de onde partem dois tipos de prolongamento: dendritos e axônio. 

Os dentritos são prolongamentos ramificados da célula especializados em receber estímulos, que também podem ser recebidos pelo corpo celular. O impulso nervoso é sempre transmitido no sentido dendrito – corpo – axônio




 O axônio é uma expansão celular fina, alongada e de diâmetro constante, com ramificações em sua porção final, de modo que o impulso pode ser transmitido simultaneamente a vários destinos. É uma estrutura especializada na transmissão de impulsos nervosos para outros neurônios ou para outros tipos celulares, como as células de órgãos efetores (musculares e glandulares).

Transmissão do impulso nervoso

Em um neurônio, os estímulos se propagam sempre no mesmo sentido: são recebidos pelos dendritos, seguem pelo corpo celular, percorrem o axônio e, da extremidade deste, são passados à célula seguinte (dendrito – corpo celular – axônio). 

O impulso nervoso que se propaga através do neurônio é de origem elétrica e resulta de alterações nas cargas elétricas das superfícies externa e interna da membrana celular. 

A membrana de um neurônio em repouso apresenta-se com carga elétrica positiva do lado externo (voltado para fora da célula) e negativa do lado interno (em contato com o citoplasma da célula). Quando essa membrana se encontra em tal situação, diz-se que está polarizada. Essa diferença de cargas elétricas é mantida pela bomba de sódio e potássio. Assim separadas, as cargas elétricas estabelecem uma energia elétrica potencial através da membrana: o potencial de membrana ou potencial de repouso (diferença entre as cargas elétricas através da membrana).



Quando um estímulo químico, mecânico ou elétrico chega ao neurônio, pode ocorrera alteração da permeabilidade da membrana, permitindo grande entrada de sódio na célula e pequena saída de potássio dela. Com isso, ocorre uma inversão das cargas ao redor dessa membrana, que fica despolarizada gerando um potencial de ação. Essa despolarização propaga-se pelo neurônio caracterizando o impulso nervoso. 

Imediatamente após a passagem do impulso, a membrana sofre repolarização, recuperando seu estado de repouso, e a transmissão do impulso cessa. 

O estímulo que gera o impulso nervoso deve ser forte o suficiente, acima de determinado valor crítico, que varia entre os diferentes tipos de neurônios, para induzir a despolarização que transforma o potencial de repouso em potencial de ação. Esse é o estímulo limiar. Abaixo desse valor o estímulo só provoca alterações locais na membrana, que logo cessam e não desencadeiam o impulso nervoso. 

Qualquer estímulo acima do limiar gera o mesmo potencial de ação que é transmitido ao longo do neurônio. Assim, não existe variação de intensidade de um impulso nervoso em função do aumento do estímulo; o neurônio obedece à regra do “tudo ou nada”. 

Dessa forma, a intensidade das sensações vai depender do número de neurônios despolarizados e da frequência de impulsos. Imagine uma queimadura no dedo. Quanto maior a área queimada, maior a dor, pois mais receptores serão estimulados e mais neurônios serão despolarizados.


A transmissão do impulso nervoso de um neurônio a outro ou às células de órgãos efetores é realizada por meio de uma região de ligação especializada denominada sinapse. 

O tipo mais comum de sinapse é a química, em que as membranas de duas células ficam separadas por um espaço chamado fenda sináptica.

Na porção terminal do axônio, o impulso nervoso proporciona a liberação das vesículas que contêm mediadores químicos, denominados neuro-transmissores. Os mais comuns são acetilcolina e adrenalina. 

Esses neurotransmissores caem na fenda sináptica e dão origem ao impulsos nervosos na célula seguinte. Logo a seguir, os neurotransmissores que estão na fenda sináptica são degradados por enzimas específicas, cessando seus efeitos.


 

Transmissão do impulso nervoso

Em um neurônio, os estímulos se propagam sempre no mesmo sentido: são recebidos pelos dendritos, seguem pelo corpo celular, percorrem o axônio e, da extremidade deste, são passados à célula seguinte (dendrito – corpo celular – axônio). 


O impulso nervoso que se propaga através do neurônio é de origem elétrica e resulta de alterações nas cargas elétricas das superfícies externa e interna da membrana celular. 


A membrana de um neurônio em repouso apresenta-se com carga elétrica positiva do lado externo (voltado para fora da célula) e negativa do lado interno (em contato com o citoplasma da célula). Quando essa membrana se encontra em tal situação, diz-se que está polarizada. Essa diferença de cargas elétricas é mantida pela bomba de sódio e potássio. Assim separadas, as cargas elétricas estabelecem uma energia elétrica potencial através da membrana: o potencial de membrana ou potencial de repouso (diferença entre as cargas elétricas através da membrana). 

Quando um estímulo químico, mecânico ou elétrico chega ao neurônio, pode ocorrera alteração da permeabilidade da membrana, permitindo grande entrada de sódio na célula e pequena saída de potássio dela. Com isso, ocorre uma inversão das cargas ao redor dessa membrana, que fica despolarizada gerando um potencial de ação. Essa despolarização propaga-se pelo neurônio caracterizando o impulso nervoso. 

Imediatamente após a passagem do impulso, a membrana sofre repolarização, recuperando seu estado de repouso, e a transmissão do impulso cessa. 

O estímulo que gera o impulso nervoso deve ser forte o suficiente, acima de determinado valor crítico, que varia entre os diferentes tipos de neurônios, para induzir a despolarização que transforma o potencial de repouso em potencial de ação. Esse é o estímulo limiar. Abaixo desse valor o estímulo só provoca alterações locais na membrana, que logo cessam e não desencadeiam o impulso nervoso.
Qualquer estímulo acima do limiar gera o mesmo potencial de ação que é transmitido ao longo do neurônio. Assim, não existe variação de intensidade de um impulso nervoso em função do aumento do estímulo; o neurônio obedece à regra do “tudo ou nada”. 

Dessa forma, a intensidade das sensações vai depender do número de neurônios despolarizados e da frequência de impulsos. Imagine uma queimadura no dedo. Quanto maior a área queimada, maior a dor, pois mais receptores serão estimulados e mais neurônios serão despolarizados. 

A transmissão do impulso nervoso de um neurônio a outro ou às células de órgãos efetores é realizada por meio de uma região de ligação especializada denominada sinapse. 

O tipo mais comum de sinapse é a química, em que as membranas de duas células ficam separadas por um espaço chamado fenda sináptica.

Na porção terminal do axônio, o impulso nervoso proporciona a liberação das vesículas que contêm mediadores químicos, denominados neuro-transmissores. Os mais comuns são acetilcolina e adrenalina. 

Esses neurotransmissores caem na fenda sináptica e dão origem ao impulsos nervosos na célula seguinte. Logo a seguir, os neurotransmissores que estão na fenda sináptica são degradados por enzimas específicas, cessando seus efeitos. 

No sistema nervoso, verifica-se que os neurônios dispõem-se diferenciadamente de modo a dar origem a duas regiões com coloração distinta entre si e que podem ser notadas macroscopicamente: a substância cinzenta, onde estão os corpos celulares, e a substância branca, onde estão os axônios. No encéfalo (com exceção do bulbo) a substância cinzenta está localizada externamente em relação a substância branca, e na medula espinha e no bulbo ocorre o inverso. 

Os nervos são conjuntos de fibras nervosas organizadas em feixes, unidos por tecidos conjuntivo denso. 

Regeneração das fibras nervosas

Assim com as células musculares do coração, os neurônios não se dividem mais depois de diferenciados. 

Desse modo, se forem destruídos, não são mais repostos. No entanto, os prolongamentos dos neurônios podem, dentro de certos limites, sofrer regeneração, desde que o corpo celular não tenha sido destruído. 

Quando um axônio é cortado acidentalmente, o que ocorre no caso de ferimentos na pele, a região que fica ligada ao corpo celular é chamada coto proximal, e a que fica separada é chamada coto distal. Este último degenera e é fagocitado pelos macrófagos, que limpam a região lesada. Já o coto próxima cresce e se ramifica. Ao mesmo tempo, células que formam a bainha de mielina do coto distal modificam-se e proliferam, originando colunas celulares que servirão de guia para os ramos que estão crescendo a partir do coto proximal. Quando um desses ramos penetra nessa coluna de células, ele regenera completamente o axônio.




Quando o espaço entre o coto proximal e o distal é muito grande ou quando ocorre uma amputação, os ramos do coto proximal crescem desordenadamente, entrelaçam-se e formam uma estrutura muito sensível à dor, chamada neuroma de amputação. 


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