Cachorro de rua tem comida e carinho com hora marcada há 2 anos em Natal
Família dá comida para 'Lost' sempre por volta das 16h.
Rotina se repete há mais de dois anos no bairro Tirol, zona Leste da cidade.
Por volta das 16h o cachorro chega em frente ao prédio e senta olhando
para a janela do primeiro andar. Ao perceber a presença do cãozinho, a
fonoaudióloga Ana Zophyne Majewsli Pryor desce e coloca comida para ele.
A cena se repete há mais de dois anos na avenida Alexandrino de
Alencar, no Tirol, bairro da zona Leste de Natal. O cãozinho mora na rua e foi batizado de Lost, que em português quer dizer desaparecido.
Casada e mãe de dois filhos pequenos, Ana conta que viu o Lost pela
primeira vez no início de 2011 quando passeava na rua com os seus três
cachorros. A princípio ela pensou que o cachorro estava perdido, mas
logo percebeu que se tratava de um cachorro que morava na rua. “Nós
percebemos que ele não era familiarizado com a rua, era um cachorro
assustado. Nós acreditamos que ele tenha sido abandonado porque o
comportamento dele é típico de animais abandonados: está sempre no mesmo
perímetro, provavelmente esperando que venha buscá-lo”, disse.
Quando percebeu que o Lost ficaria pela região, Ana começou a colocar
comida para ele. Um dia, dois, três, e o cãozinho se acostumou a ir
todos os dias ao mesmo local para se alimentar. “Ele chega e senta
olhando para a janela do nosso apartamento. Ele não late, não faz
barulho, fica sentadinho esperando. Quando a gente desce com a comida
ele faz uma festa, pula”, contou.
Os filhos de Ana já pediram para levar Lost para morar no apartamento
com eles, mas, como a família já tem outros três cãezinhos, o pedido não
pôde ser atendido. “Eu digo a eles que o Lost é nosso cachorro e só não
mora com a gente. As crianças adoram ele”, disse.
A família já tentou levar o cachorro ao veterinário para tomar um banho,
fazer exames, tomar vacinas, mas Lost fica arredio sempre que vê uma
coleira. Ele costuma passar as noites em um terreno próximo ao prédio e
também foi apelidado de 'Pernoite' por outros moradores da região
justamente porque vai ao terreno só para dormir. "Eu gostaria de fazer
mais por ele, mas ele tem medo quando a gente se aproxima mesmo para
fazer carinho. Vou continuar colocando comida todos os dias enquanto ele
vier aqui", disse Ana.